Pílula da inteligênica ou Muleta? Quando a Inteligência Deixa de Ser Nossa
A inteligência artificial pode ser sua aliada.
Mas também pode ser o motivo de você parar de pensar por conta própria.
A inteligência artificial tem sido vendida como uma pílula milagrosa, mas quando a utilizamos sem reflexão, ela pode se tornar muleta.
No mundo dos escritórios de advocacia, por exemplo, vemos profissionais usando a IA para substituir o pensamento crítico em vez de ampliá-lo, pois atualmente com apenas o pedido inicial a inteligência artificial elabora a peça de defesa sugerindo possíveis teses.
Isso otimiza o trabalho? Sim, principalmente em trabalhos de massa, no entanto, se não houver cuidado na utilização, uma geração inteira corre o risco de terceirizar a inteligência, e isso pode e está ocorrendo em diversas áreas.
E sabedores de que as IAs podem dar respostas não tão certas quanto pensamos, o ato do pensamento crítico e conhecimento sobre o que se está delegando é inegociável.
Isso se compara ao mesmo ato de delegar uma tarefa a um assistente e não orientar ou conferir, assim podemos realizar o ato de ao invés de delegar, começamos a “delargar” sem pensar ou criticar a resposta que lhe é dada.
Perguntar é um ato intelectual, no entanto, pensar sobre a resposta é o que nos mantém humanos.
Imagine uma calculadora, ela resolve contas difíceis, poupa tempo, reduz erros.
Agora pense em alguém que nunca aprendeu a fazer contas básicas porque sempre usou uma, assim, o problema não está na calculadora, mas em não aprender antes de terceirizar.
A IA é a nova calculadora!
Mas, em vez de somar e multiplicar, ela escreve e decide, gera ideias e conduz caminhos.
Se usada com consciência, ela é um supercérebro auxiliar, no entanto, se usada com preguiça, ela vira muleta do raciocínio, uma droga que de pouco a pouco vai minando o pensamento crítico, elimina a dúvida e a capacidade de pensamento organizado.
E tem um detalhe ainda mais sutil: A IA responde bem, até quando você pergunta mal!
Ou seja, mesmo perguntas rasas podem parecer inteligentes — e aí mora o risco de achar que você está pensando, quando na verdade só está aceitando.
Sou sócio no escritório Campos & Aggio Advogados e usamos IA com frequência em pesquisas jurídicas, brainstorms criativos, organização de tarefas, criação de scripts do comercial, entre outras.
Mas aprendemos cedo que, se a gente não domina o tema antes, a IA só gera ruído elegante.
Ou seja: ela é poderosa, mas só quando você já tem repertório e usar IA antes de estudar é como pular direto pra cola sem ter lido a matéria.
A IA pode até parecer um supercérebro, mas sem o seu raciocínio por trás, ela vira só uma muleta — chique, veloz, mas oca.
Teste rápido:
• Quando foi a última vez que você elaborou uma ideia sem pesquisar?
• Você já usou IA para responder uma pergunta que, no fundo, você já sabia a resposta?
• Quantas vezes você usou IA hoje?
O problema não é usar inteligência artificial. É não usar a sua.