Vibecoding: O Programador Medíocre e o Futuro da Engenharia de Software
O que é?
Vibecoding é um movimento que surge com o advento da Inteligência Artificial, especialmente com a capacidade desses modelos de gerar código. É a sedutora ideia de se tornar um desenvolvedor (dev) sem que seja necessário, primeiro, aprender a programar. Como afirmou Andrej Karpathy em sua conta no X, “A linguagem de programação do futuro é o inglês”.
Vibecoding inaugura uma nova era: a era em que não é mais necessário entender profundamente o código para criar soluções. Isso aproxima o mundo da programação de uma mudança radical de paradigma.
Estamos diante de uma transformação no papel do programador, e especialmente do engenheiro de software. Com essa transformação, surgem novos dilemas: a necessidade de avaliar criticamente a produção de software e refletir sobre os aspectos éticos envolvidos no Vibecoding.
Limitações
Antes de debatermos as implicações éticas e futuras do movimento, é essencial reconhecer suas limitações.
A criação casual — como prefiro definir — de software não pode e não deve ser comparada à criação industrial de software. Em seu livro AI Engineering, Chip Huyen discute as limitações das aplicações criadas apenas por comandos em inglês (prompts), como a propensão a bugs, falhas de segurança e dificuldades de escalabilidade.
Portanto, é preciso reconhecer que, hoje, há limitações reais no que pode ser feito apenas com prompts em linguagem natural. Talvez no futuro essas barreiras diminuam ou desapareçam, mas por ora, a cautela ainda é fundamental.
Críticas
Além das questões técnicas tratadas por Huyen, há outra preocupação central: a responsabilidade.
Críticos do Vibecoding apontam que, uma vez que o dev não compreende profundamente o que foi escrito, surgem riscos graves. Em caso de falhas que comprometam a segurança de usuários ou provoquem vazamento de dados (data leakage), a quem será imputada a culpa? Como responsabilizar quem não domina o funcionamento do código?
Essa é uma questão ética importante que precisa ser considerada por todos que se envolvem no uso de IA para desenvolvimento de software.
Minha Opinião
Em seu texto How I Use AI, Nicolas Carlini descreve como utiliza a IA de forma produtiva. Uma das lições que tirei dessa leitura é que a IA pode ser uma ferramenta poderosa para prototipagem: útil para aprender rapidamente novas tecnologias ou resolver dúvidas pontuais.
No entanto, no contexto profissional, é imprescindível assumir a responsabilidade pelo código produzido. É essencial compreender como o sistema funciona. Nenhuma IA pode fazer o trabalho de debugar ou garantir a integridade do software no meu lugar.
Vejo o Vibecoding como um excelente caminho para testar ideias rapidamente, mostrar conceitos a outras pessoas e até gestar novos projetos. Porém, no longo prazo, o desenvolvimento de software continuará exigindo esforço, responsabilidade e conhecimento técnico.
Conclusão
Vibecoding representa uma revolução promissora, mas não dispensa o compromisso com a qualidade, a ética e a responsabilidade. A Inteligência Artificial amplia nossas possibilidades — mas é nossa responsabilidade garantir que essas possibilidades sejam usadas com consciência e competência.