Startup lança robô com ‘músculos’ que consegue imitar movimentos humanos
A Clone Robotic, uma startup polonesa, apresentou nesta quarta-feira, 19, o Protoclone, um robô feito com mais de mil fibras musculares artificiais e 500 sensores. Isso significa que o humanoide tem o corpo muito similar ao humano, além de ser flexível e se mover com naturalidade.
O robô é alimentado por água, o que reduz seu efeito ambiental e otimiza sua eficiência energética, além de evitar ruídos de motores a combustão e elétricos. A aposta da startup é usar um sistema arrojado de músculos artificiais, o que garante os movimentos suaves e realistas.
A tecnologia pode ser aplicada em várias áreas, como medicina, logística e até entretenimento, segundo a startup. No vídeo de divulgação, o Protoclone é mostrado suspenso e consegue mover torso, braços e pernas.
“Para obter as qualidades desejáveis do músculo esquelético de mamíferos, uma fibra muscular sintética adequada deve responder em menos de 50 milissegundos com uma contração descarregada maior que 30% e, pelo menos, um quilo de força de contração para uma única fibra muscular de três gramas”, diz a Clonle Robotic.
O sistema esquelético do Protoclone contém 206 “ossos” (a mesma quantidade dos humanos) e um pequeno número de fusões ósseas. “As articulações são totalmente feitas com ligamentos artificiais e tecidos conjuntivos”, diz a empresa.
Equipado com quatro câmeras de profundidade no crânio para entender o espaço ao seu redor, o robô também “enxerga” por meio de 70 sensores inerciais que tem a missão de reconhecer, localizar, orientar e direcionar a força necessária do próprio corpo. Ao todo, 320 sensores de pressão são usados para feedback de força em nível muscular. Essa tecnologia foi chamada de Myofiber.
“Hoje, o Myofiber é o único músculo artificial do mundo capaz de atingir tal combinação de peso, densidade de potência, velocidade, força-peso e eficiência energética”, afirma a startup.
O sistema vascular foi desenhado para ser movido com energia hidráulica por meio de uma bomba elétrica de 500 watts capaz de bombear água a uma taxa de fluxo volumétrico de 40 Standard Liters per Minute (SLPM ou litros por minuto em condições padrão) e classificação de 100 Pounds per Square Inch (psi ou libras por polegada quadrada).
SLPM e psi são parâmetros fundamentais para o funcionamento seguro e eficiente de equipamentos hidráulicos.
A Clonle Robotic afirma que o Protoclone é o primeiro androide bípede e musculoesquelético do mundo. Em dezembro, a startup entrou no mercado de robótica humanoide com o lançamento do Clone Alpha, uma versão demo do robô humanoide em escala real anunciado nesta semana.
Onde tudo começou
A empresa primeiro criou uma mão robótica capaz de imitar a humana, com ossos e músculos artificiais. O polegar da invenção conseguia pegar bolas com facilidade e realizava outras rotações precisas. A partir dessa base, a equipe desenvolveu um torso humanoide com articulações realistas nos ombros, coluna cervical e cotovelo.
No começo, a Clone Robotics apenas imitava a anatomia humana, mas depois conseguiu que suas máquinas fizessem movimentos naturais por meio dos músculos artificiais.
Expansão em robôs humanoides
A Clone Robotic não está sozinha no mercado de robôs humanoides. Na verdade, a startup polonesa compete com as big techs e seus orçamentos bilionários. A Meta já identificou esse mercado e aposta nele. Esse projeto motivou um investimento robusto de empresa de Mark Zuckerberg, que formou uma equipe nova para cuidar da empreitada – o que contrasta com a onda de demissões que resultou em quase 4 mil de funcionários dispensados.
O foco da Meta é desenvolver seu próprio hardware de robôs humanoides, que em primeiro estágio serão feitos para cumprir tarefas domésticas. O objetivo central, no entanto, é criar o sistema de inteligência artificial (IA) que moverá as criaturas no futuro.
Uma conversa inicial já aconteceu entre a gigante e outras companhias de robótica, como a Unitree Robotics e a Figure AI. A Tesla tem uma iniciativa similar, mas seu foco é o robô em si, com o nome de Optimus.
Embora a Clone Robotics reivindique a criação do primeiro androide bípede e musculoesquelético, um projeto semelhante já havia sido apresentado pelo JSK Lab da Universidade de Tóquio, com o robô Kengoro, em 2017. No entanto, a máquina japonesa foi desenvolvida para pesquisas, enquanto a Clone Robotic tem objetivos comerciais.
Fonte: Estadão