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Cynthia Mello07/02/2025 13:22
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Dados à Deriva: A importância global dos insights comportamentais

    Diariamente, consumimos produtos e serviços digitais que moldam nossos comportamentos, emoções e estilo de vida, propiciando lucros extraordinários para as empresas de tecnologia que se beneficiam em larga escala desse impacto psicológico. No entanto, a presença de psicólogos em um papel mais formal e central no desenvolvimento de produtos digitais é surpreendentemente rara. A pergunta que surge é: por que isso acontece?

    Quem cria os produtos e serviços digitais em saúde mental?

    O cenário da saúde digital é dominado por startups de tecnologia que, em geral, possuem equipes compostas exclusivamente por cientistas de dados, engenheiros de software e técnicos em TI. Essa realidade, faz com que os produtos de saúde mental sejam projetados por profissionais sem formação específica na área de ciências humanas.

    De acordo com um relatório da ORCHA (Organisation for the Review of Care and Health Apps), apenas 32% dos aplicativos de saúde mental disponíveis passariam em uma pontuação classificatória de garantia de qualidade clínica. Isso levanta questionamentos sobre a efetividade e o impacto real dessas soluções para a saúde mental da população.

    Os psicólogos são poucos e periféricos:

    “Se a única ferramenta que você tem é um martelo, é tentador tratar tudo como se fosse um prego.”

    O aprendizado de machine learning e deep learning tem sido erroneamente utilizado como um 'truque' capaz de suprir a presença de técnicos de diversas áreas na concepção de produtos digitais, inclusive na área da saúde mental. Essa visão simplista ignora a complexidade da natureza do comportamento humano e a importância da expertise do psicólogo para o desenvolvimento de intervenções seguras e adaptadas aos padrões comportamentais reais, principalmente na área da saúde.

    Outro fator relevante é a falta de familiaridade de algumas empresas de tecnologia com a área da psicologia, o que pode levar à subestimação do valor que os psicólogos podem agregar ao processo de desenvolvimento de produtos digitais.

    A análise de dados em saúde mental:

    Atualmente, o volume de dados à nossa disposição é imenso, mas nem sempre a quantidade se traduz em qualidade. No contexto da saúde mental, a coleta de dados e o uso de algoritmos é apenas uma parte da equação para o desenvolvimento de produtos digitais. Os produtos devem conduzir análises que se estendam para além da tecnologia em si, visando identificar e solucionar pontos problemáticos da vida real.

    Para que os dados se tornem ferramentas relevantes no desenvolvimento de produtos e serviços, é crucial saber interpretá-los, refiná-los e analisar as previsões de forma contextualizada. E é nesse ponto que o conhecimento do psicólogo se torna fundamental.

    A expertise da psicologia permite operacionalizar as previsões dos modelos de machine learning, para o mundo real. O psicólogo consegue mapear os modos comportamentais entre o usuário e o serviço para projetar soluções que promovam uma conexão genuína entre tecnologia e pessoas.

    A intersecção da ciência de dados e psicologia:

    A colaboração entre psicólogos e desenvolvedores de produtos digitais em saúde mental oferece diversos benefícios:

    Em equipe de Ciência de Dados: O uso do conhecimento estatístico em psicologia, especialmente no domínio da psicometria ajuda na compreensão dos dados coletados, auxiliando na interpretação dos resultados e na extração de insights relevantes para o aprimoramento contínuo da solução.

    Em equipe de UX: O conhecimento da psicologia em UX é um catalisador para uma experiência de produto digital mais inclusiva e transformadora. Auxiliando na criação de interações mais intuitivas, agradáveis e que ativam emoções positivas, influenciando a tomada de decisão do usuário, aumentando o engajamento e adesão de consumo.

    Em Análise de Negócios: Para ter vantagem competitiva em ambientes altamente complexos, o conhecimento da ciência psicológica tem o poder de prever e influenciar eticamente o comportamento humano. Como por exemplo na identificação do modelo mental do consumidor, na compreensão dos padrões comportamentais de consumo e na análise sobre os processos decisórios de compra.

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    Comentários (1)
    DIO Community
    DIO Community - 07/02/2025 14:45

    Cynthia, seu artigo traz uma discussão extremamente relevante sobre a interseção entre psicologia e tecnologia, especialmente no desenvolvimento de produtos digitais voltados para a saúde mental. A forma como você evidencia a ausência de psicólogos em papéis estratégicos dentro das equipes de tecnologia ressalta um ponto crucial: dados e algoritmos, por mais sofisticados que sejam, não substituem a compreensão profunda do comportamento humano. A psicometria e a análise comportamental são fundamentais para que soluções digitais realmente atendam às necessidades dos usuários de forma ética e eficaz.

    Na DIO, valorizamos a construção de produtos digitais que vão além da eficiência técnica e levem em conta a experiência humana de maneira holística. A colaboração entre cientistas de dados, UX designers e especialistas em comportamento pode transformar a forma como interagimos com as tecnologias voltadas para bem-estar e saúde. Você acredita que as empresas de tecnologia estão começando a perceber o valor da psicologia aplicada ao design de produtos, ou ainda há um longo caminho para essa integração se tornar uma prática comum?