A Dualidade do analfabetismo digital para profissionais de T.I.

Me chamo Érico Alexandre, iniciei minha jornada com desenvolvimento de sistemas há pouco mais de 2 anos, atuo com manutenção e configuração de computadores e sistemas desde 2008, desde 2019 venho atuando com recrutamento, seleção e treinamento, irei apresentar dados com algumas experiencias pessoais.

Com a popularização da internet e da tecnologia, aprendemos a ver o mundo tão conectado que, imaginamos uma grande maioria da população com uma base razoável de conhecimento digital, mas a realidade é bem diferente e preocupante.

Cerca de 76% dos brasileiros, por exemplo, sofrem de analfabetismo digital.

Esse levantamento foi realizado pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e apresentado no evento Huawei 25 anos, em 2023. O conselheiro da pasta, Artur Coimbra, explicou que só 24% das pessoas têm entendimentos digitais básicos. Isso compreende habilidades de anexar documentos em e-mails e fazer download de aplicativos.

Esse é um cenário ainda mais preocupante, quando observamos no mesmo estudo, que o Brasil está abaixo da média da América latina, de 29%, esse estudo analisa um padrão internacional para fins econômicos.

Recentemente, enquanto fazia o treinamento de um estagiário que cursa análise e desenvolvimento de sistemas, comentei com ele a dificuldade de preencher as vagas, pois muitos candidatos, não conseguiam nem fazer listas em uma planilha Excel, ele riu e comentou como isso era bom, pois iria entrar no mercado com menos concorrência. Analisando friamente, ele está correto, mas é preciso olhar um pouco mais a longo prazo, em como isso pode impactar na carreira do profissional de T.I.

O profissional de T.I já sofre um certo desgaste em empresas ou organizações não especializadas em tecnologia, pois é comum atuarmos com supervisores e gerentes que possuem pouco ou nenhum conhecimento em áreas de tecnologia e acabam sobrecarregando os colaboradores com diversas funções ou tarefas, no qual o único critério é envolver um computador.

Analisando um pouco mais a longo prazo, com o aumento da demanda e dependência da tecnologia no mercado, a tendência é que cada vez mais profissionais de T.I sejam contratados por organizações não especializadas, para executar funções básicas, ou, se contratados por empresas de tecnologia, sejam sobrecarregados por elas.

Na organização em que trabalho, dos 7 colaboradores contratados, 5 deles fazem curso de desenvolvimento de sistemas, incluindo os 2 estagiários, a diretora contratou uma estagiaria de T.I apenas para organizar e manter a agenda pessoal e e-mails dela, pois os assistentes anteriores não se adaptaram a função.

As empresas tem adotado cada vez mais soluções tecnológicas, em um futuro não muito distante, a maioria das pessoas que conhecemos estarão desqualificadas para as funções mais básicas do mercado. É importante conscientizar as pessoas e incentivar, transmitir cada vez mais a importância do conhecimento digital.