Síndrome do Impostor: quando a insegurança grita mais alto que as conquistas
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Na semana passada, fiquei encarando a tela do computador por horas, tentando escrever um artigo e não consegui, isso me fez questionar se eu deveria continuar com a série. Eu sabia que estava indo bem, mas a insegurança parecia maior que qualquer avanço. Como se, a qualquer momento, alguém fosse descobrir que eu não sou o que pareço. E isso é algo que já conheço há um tempo. Esse é o peso da síndrome do impostor.
É estranho como, mesmo com tantas vitórias, às vezes tudo o que consigo ver são as falhas. Sabe aquela sensação de que, por mais que você tente, nunca vai ser o suficiente? Como se as suas vitórias não fossem reais e todo mundo estivesse prestes a descobrir que você, na verdade, não sabe o que está fazendo? Eu me senti assim essa semana. E é um sentimento difícil de lidar. Às vezes, mesmo sabendo que já passei por tantas dificuldades e venci tantas batalhas, a insegurança volta com força total. E, por mais que eu tente racionalizar e lembrar do quanto já aprendi, aquela voz dentro de mim diz: "Você não é boa o suficiente."
O que é a síndrome do impostor?
A síndrome do impostor foi identificada pela primeira vez em 1978 pelas psicólogas Pauline Clance e Suzanne Imes. A síndrome do impostor é uma sensação de não merecimento. Mesmo quando alcançamos algo significativo, acreditamos que foi sorte ou, pior, que em algum momento as pessoas vão perceber que não somos capazes. Ela pode afetar qualquer pessoa,e é mais comum do que imaginamos.
Estudos mostram que cerca de 70% das pessoas já sentiram, em algum momento, essa insegurança, mesmo quando estavam em momentos de grande sucesso. Eu já passei por isso tantas vezes, e posso garantir que não é fácil. O mais difícil é lembrar que essa sensação não é a verdade sobre nós.
Como a síndrome do impostor se manifesta?
A síndrome do impostor pode ter várias formas. Já percebeu que, muitas vezes, quando você conquista algo, a primeira coisa que vem à sua mente é pensar que foi pura sorte? Ou que, na próxima vez, as pessoas vão perceber que você não tem o que é necessário para seguir em frente? Isso é uma manifestação dessa insegurança.
Alguns comportamentos comuns incluem:
Autodepreciação constante: A tendência de minimizar suas conquistas e acreditar que o sucesso foi só sorte ou coincidência.
Medo de ser "desmascarado" : A sensação constante de que, a qualquer momento, alguém vai perceber que você não é tão competente quanto parece.
Dificuldade em aceitar elogios: Mesmo diante de feedbacks positivos, você sente que não é realmente merecedor.
Comparação excessiva com os outros: Avaliar a sua capacidade com base no progresso dos outros, o que pode ser muito desanimador.
Por que a tecnologia amplifica essa insegurança?
A área de tecnologia é intensa. Tudo muda rapidamente, e há sempre uma nova ferramenta ou linguagem para aprender. A sensação de estar "ficando para trás" é constante. Quando comecei a estudar programação, me vi de frente com conteúdos que pareciam impossíveis de compreender. Muitas vezes vi colegas desenvolvendo projetos e pensava: Eu nunca vou conseguir fazer isso.
Além disso, comecei a comparar meu início com o meio da jornada de outras pessoas. Cada vez que alguém mencionava um conceito mais avançado que eu ainda não conhecia, meu cérebro automaticamente concluía que eu nunca chegaria lá.
Essa insegurança pode se manifestar mesmo após conquistas significativas. É comum que as pessoas com a síndrome do impostor atribuam seus sucessos à sorte ou a fatores externos, acreditando que não são realmente capazes.
Pessoas famosas também passaram por isso
E o mais interessante é que até as pessoas mais bem-sucedidas enfrentam esse sentimento. Maya Angelou, por exemplo, escreveu bestsellers e recebeu prêmios, mas ainda sentia que não merecia todo o reconhecimento. Tom Hanks, um dos atores mais respeitados de Hollywood, já falou abertamente sobre sua luta com a síndrome do impostor. Ele disse que, após tantos anos de carreira, ainda sente que não é "bom o suficiente" e que, a qualquer momento, todos vão perceber que ele não tem o talento que parece ter. Emma Watson, por sua vez, já revelou em várias entrevistas que se sentia uma fraude, mesmo sendo uma das estrelas mais bem-sucedidas de sua geração.
Esses exemplos me ajudam a perceber que a síndrome do impostor não escolhe quem você é. Até as maiores personalidades já se sentiram assim. Mas o importante é que, apesar disso, eles seguiram em frente. E nós também podemos fazer isso.
Como tento lidar com essa sensação?
Esses momentos de dúvida são difíceis, mas tenho aprendido a lidar com eles de algumas formas:
Reconhecer as conquistas: Quando a insegurança aparece, eu paro e olho para trás. Relembro o que já aprendi e os obstáculos que superei. É um exercício simples, mas que ajuda muito.
Conversar com outras pessoas: Falar com colegas e amigos me faz perceber que não estou sozinha. Muita gente incrível já se sentiu assim — e isso me lembra que essas inseguranças não definem minha capacidade.
Aceitar que errar faz parte: Por muito tempo, achava que cometer erros significava que não era boa o suficiente. Hoje, vejo os erros como parte do processo. Cada erro é uma chance de aprender e crescer.
Celebrar pequenas vitórias: Conquistas, por menores que sejam, merecem ser reconhecidas. Isso tem me ajudado a ver o quanto estou progredindo, mesmo nas pequenas coisas.
Ser gentil comigo mesma: Esta é a parte mais difícil. Aceitar que estou aprendendo e que não preciso saber tudo de uma vez é um processo que exige paciência. Estou aprendendo a dar um passo de cada vez, respeitando meu ritmo.
A síndrome do impostor não define quem somos
A síndrome do impostor pode ser intensa, mas é importante lembrar: ela não define quem somos. Embora ela nos faça duvidar de nossa capacidade, não reflete nossa verdadeira essência. Todos nós temos momentos de insegurança, mas isso não significa que não sejamos capazes. Reconhecendo essas inseguranças, podemos superá-las e perceber nosso verdadeiro valor.
Conclusão
Se você também está passando por isso, saiba que não é o único. A síndrome do impostor pode fazer parecer que você não é capaz, mas isso não é verdade. A jornada na tecnologia (e em qualquer área) é cheia de desafios, e se você chegou até aqui, é porque tem força e habilidade para continuar.
Eu ainda estou aprendendo a lidar com essa sensação, e sei que essa insegurança pode aparecer de novo. Mas cada vez que ela surge, tento me lembrar de uma coisa importante: Eu sou capaz, mesmo quando minha mente tenta me convencer do contrário. E você também é.
Agora, pare por um momento e pense: o que você aprendeu recentemente? Quais foram suas pequenas vitórias? Reconheça sua evolução, porque ela é real.
Na série 'Desafiando Estereótipos: Uma Série sobre Tecnologia, Reinvenção e Inclusão', compartilho minha jornada de superação de barreiras e descoberta do meu espaço na tecnologia. Ao longo dos artigos, vou contar como enfrento estereótipos, me reinvento e busco um caminho que faça sentido para mim. Se você é uma mulher em um campo majoritariamente masculino, alguém que está mudando de carreira mais tarde na vida ou um profissional que busca um ambiente mais inclusivo, espero que minha história inspire você a seguir em frente. Acompanhe e junte-se a mim nessa jornada!