Você sabe aprender? Aprenda agora! (em edição... inserindo figuras)
Olá, dev!
Na nossa profissão, as novidades mudam a cada dia, por isso, é muito importante aprender coisas novas.
Você sabe aprender? Usa alguma técnica para estudar e reter o conteúdo estudado?
Este artigo vai tratar de algumas técnicas de estudo e aprendizado apresentadas por especialistas na área.
Sumário
1. Introdução
2. Formas comuns de aprendizado
3. Método Feynman
4. Aprendendo a aprender
5. Conclusão
6. Referências
7. Outros artigos semelhantes
1 – Introdução
Atualmente, na velocidade em que surgem os novos conhecimentos é preciso sempre estar aprendendo algum assunto, principalmente na nossa área de tecnologia, em que avanços e revoluções acontecem rotineiramente.
Cada vez mais, os jovens estão aprendendo mais cedo, principalmente, usando a tecnologia a seu favor para o aprendizado.
E os mais velhos também precisam aprender coisas novas para se adaptarem às mudanças que ocorrem ao redor e no seu ambiente de trabalho. Resumindo, todos nós precisamos aprender alguma coisa constantemente e, para isso, precisamos estudar sempre. “Lifelong learning”, lembra?
Cada pessoa tem seu próprio método de estudar, nem que seja a falta de um método, bem como a sua própria velocidade.
O objetivo do estudo é aprender o assunto que se está estudando, não apenas completar a leitura, encontrar a resposta da lista de exercícios propostos, ou fazer um resumo do que foi lido e guardá-lo na gaveta para sempre.
Este artigo procura mostrar caminhos para estudar seguindo métodos e técnicas já consolidadas e recomendadas por especialistas no assunto.
E mais! Cansei de cortar conteúdo deste artigo para ele ficar menor. Desisti! Vai assim mesmo! Com quase 4000 palavras! Mas é tudo muito relevante! Aproveite!
2 – Formas comuns de aprendizado
Para chegar aonde estamos hoje, todos nós estudamos muita coisa. Desde o Jardim de Infância até concluir a graduação, nós estudamos e aprendemos tudo o que foi preciso para chegar aqui.
Cada um tem sua forma de estudar e aprender, mas algumas técnicas são mais eficientes do que outras, embora todas tenham suas vantagens e desvantagens.
Segue uma lista das técnicas mais comuns, veja se seu método de estudo se encaixa em algumas delas:
· Ler o conteúdo uma vez;
· Ler o conteúdo até decorar;
· Ler o conteúdo em voz alta;
· Escrever um resumo do texto enquanto lê;
· Escrever um resumo do texto após a leitura;
· Marcar no texto as partes mais relevantes;
· Marcar no texto tudo que acha que precisa decorar;
· Reler o texto mais uma vez;
· Reler o texto apenas nas partes marcadas;
· Reler o resumo escrito e reescrevê-lo, atualizando-o;
· Ler o texto, mas não fazer os exercícios;
· Resolver os exercícios logo que são propostos;
· Resolver os exercícios após a leitura completa do texto;
· Fazer apenas os exercícios mais fáceis;
· Fazer todos os exercícios (fáceis e difíceis);
· Procurar material complementar para saber mais do conteúdo;
· Procurar material complementar para fazer mais exercícios;
· Acrescentar figuras e desenhos ao resumo escrito;
· Fazer mapas mentais;
· Reler o resumo escrito de tempos em tempos;
· Atualizar o resumo escrito de tempos em tempos;
· Procurar tirar dúvidas com o professor;
· Procurar tirar dúvidas com outras pessoas (alunos, pais, parentes);
· Não tirar dúvidas com ninguém;
· Procurar tirar dúvidas um dia antes da prova;
· Procurar tirar dúvidas no dia da prova;
· Levar anotações para a sala para ler antes da prova;
· Levar anotações para a sala para ler DURANTE a prova (COLA!);
Estes métodos são bem básicos, que usamos sem precisar estudá-los e aprendê-los, pois são bem intuitivos.
Para muita gente, basta usar um destes métodos e o aprendizado está garantido; para outras, não funciona muito bem. Na hora das provas, tudo foi esquecido e a nota não sai muito boa! Fica a sensação de que, se tivesse estudado mais, ou antes, teria se saído melhor!
Por isso, o uso de técnicas mais elaboradas e recomendadas por especialistas ajuda no aprendizado, seja na parte da memorização, ou na prática constante de exercícios de diferentes níveis.
As próximas seções tratarão de técnicas descritas por especialistas, em artigos e livros, quais são suas vantagens e desvantagens, e de quando é útil aplicá-las.
3 – Método Feynman
Segundo [1], o Método Feynman é uma metodologia de estudos que auxilia o cérebro na compreensão de um tema. Ele foi criado pelo físico americano Richard Feynman, ganhador do Prêmio Nobel de Física em 1965.
Em geral, as pessoas têm mais facilidade para aprender algo sobre uma área de que gosta, dedicando mais tempo de estudo nesta área e deixando menos tempo para estudar as outras áreas das quais gosta menos, não gosta ou tem mais dificuldade.
A técnica consiste em 4 passos:
1. Escolha um conceito
Primeiro, você define o tema específico de estudo, ou seja, o que você quer aprender.
Em uma folha em branco, escreva o tema no cabeçalho e, abaixo dele, anote tudo o que sabe sobre o assunto, mesmo que seja superficialmente, sendo claro e usando termos simples. Pesquise mais sobre o assunto e, no mesmo papel, acrescente novas informações que descobrir.
2. Ensine esse conceito para um leigo
Quando a gente ensina o que sabe a alguém, o aprendizado é reforçado.
Use suas anotações para isso, sendo bem didático, claro e simples, como se estivesse ensinando para uma criança. Se não encontrar alguém para ensinar, transmita o conhecimento para você mesmo, em voz alta.
3. Identifique falhas no seu entendimento do conceito
Durante a sua explicação do conteúdo, você vai perceber o quanto já sabe sobre o assunto. Anote os trechos de maior dificuldade, que dificultaram a sua explicação. Releia suas anotações, realizando novas pesquisas para explorar mais o tema e garantir sua total compreensão.
4. Revise, organize e simplifique
O último passo consiste em uma revisão do trabalho já feito, relendo todo o seu material. Você deve conseguir fazer conexões mais assertivas, dar exemplos mais claros e criar uma história que faça mais sentido para o seu cérebro. Para concluir, leia o material em voz alta para identificar oportunidades. Se achar que o entendimento ainda não é completo, é necessário realizar mais estudo.
A técnica Feynman se resume a estes 4 passos acima, mas se você ainda se sentir inseguro em relação ao seu aprendizado, segundo o artigo, pode repetir todas as etapas, para reforçar o processo.
Afinal, segundo o próprio Richard Feynman, a repetição é a chave para a compreensão. Quanto mais você lê, mais absorve e, consequentemente, mais aprende, diz o autor.
Exemplo de aplicação da técnica Feynman
A figura a seguir mostra um exemplo da aplicação da Técnica de Feynman, para o aprendizado do conceito do Teorema de Pitágoras, incluindo conceitos, fórmulas e desenhos.
4 – Aprendendo a aprender
Na plataforma online Coursera tem um curso que me chamou a atenção pelo título sugestivo de “Aprendendo a Aprender”, dado por Barbara Oakley.
Na época, há uns 6 anos, só havia a versão do curso em inglês. Curioso, eu me matriculei e fiz! O curso é baseado em um livro dela, com o mesmo título.
Achei o conteúdo muito interessante e vi algumas técnicas simples que realmente melhoram o aprendizado, principalmente se aplicadas em conjunto. A maioria delas é bem conhecida, mas a gente costuma negligenciar nos estudos.
Comprei o livro, edição em português, e descobri que ela tem outros livros publicados, dos quais, consegui ler alguns, na versão em inglês.
Esta seção vai descrever resumidamente as principais técnicas indicadas neste livro do curso e, em um futuro artigo, eu vou tratar dos outros livros dela.
Segundo a autora, a maioria dos estudantes usa a estratégia de ler e reler várias vezes o mesmo conteúdo, com o objetivo de decorá-lo. Essa estratégia de leitura passiva é trabalho em vão, pois, embora os estudantes estejam dando duro, ela não resulta em efeito no aprendizado, diz ela.
O objetivo do livro é apresentar técnicas de aprendizado comumente aplicadas por pessoas experientes no estudo da matemática e da ciência, estendendo-as para outras áreas de estudo.
A seguir, serão descritos, em resumo, os principais tópicos de aprendizado tratados no livro.
Skimming
Esta técnica consiste em dar uma olhada rápida em um material (livro, capítulo, artigo) antes de começar a lê-lo. Assim, sua mente vai se preparando para ler o conteúdo e organizando as ideias que irá encontrar pela frente. É conhecido como “passar os olhos no texto”.
Vendo apenas as figuras, diagramas, títulos das seções, frases e palavras em destaque, você terá uma ideia do assunto que tem pela frente. Eu mesmo já tratei desse assunto aqui em um artigo sobre leitura de textos em inglês!
Modo Focado x Modo Difuso
A autora fala que o nosso cérebro usa dois modos no processo de pensamento:
· Modo focado – estado de atenção intensa;
· Modo difuso – estado de relaxamento;
O modo focado é usado conscientemente, de forma racional, sequencial e analítica, para resolver problemas; no modo difuso a mente divaga de forma relaxada, inconsciente, acessando informações que você não está focando no momento.
O modo focado acessa áreas do cérebro mais relacionadas com informações familiares, relacionadas ao assunto do problema que você está tentando resolver, e fica girando entre elas.
Por outro lado, o modo difuso acessa outras áreas do cérebro, relacionadas ao problema ou não, e tem mais chances de encontrar informações novas, que podem dar novos insights sobre o problema. Ele trabalha em silêncio enquanto a gente faz outra coisa.
Como exemplo prático, imagine que o modo focado é o feixe de luz, estreito e direcional, de uma lanterna, que ilumina fortemente um ponto específico, e o modo difuso é a luz de uma lâmpada, que ilumina tudo ao redor, mas com uma iluminação mais espalhada.
Estudos mostram que o cérebro atua no cotidiano chaveando continuamente entre estes dois modos, de forma automática, um de cada vez.
Após a ação do modo difuso, de volta ao modo focado, você pode andar mais um pouco na direção da solução. Depois, pode voltar ao modo difuso novamente para buscar mais insights.
A mente fica indo e voltando de um modo a outro, e, em algum momento, acaba chegando à solução do problema.
No entanto, para o modo difuso ajudar, é preciso antes que o modo focado obtenha as informações necessárias para ele buscar insights sozinho.
Mantenha suas sessões de trabalho curtas (modo focado). E sempre as intercale com descansos (modo difuso).
Segue uma lista de atividades de ativação de modo difuso:
· Praticar um esporte (academia, futebol, correr, caminhar ou nadar);
· Dançar
· Desenhar ou pintar
· Tomar banho
· Ouvir música, especialmente instrumental, ou tocar um instrumento;
· Meditar ou rezar
· Dormir (o modo difuso definitivo!)
Já as seguintes atividades de ativação do modo difuso são melhor usadas brevemente, como recompensas.
· Jogar videogames;
· Navegar na Internet;
· Conversar com amigos;
· Ajudar alguém com uma tarefa simples;
· Ler um livro relaxante;
· Ir ao cinema ou ver tv.
Estudos concluíram que apenas fechar os olhos já é uma forma de passar ao modo difuso, mas a atividade ideal para isso é mesmo dormir.
Dormir bem
O sono é uma parte crítica do processo de aprendizagem, pois ele ajuda a:
· Fazer as conexões neurais necessárias para o pensamento normal processos;
· Fortalecer e ensaiar as partes importantes do que você aprende, eliminando trivialidades;
· Descobrir problemas difíceis e encontrar significado no que você aprende;
Aliás, a melhor forma de se fazer uma limpeza nos pensamentos do dia e entrar direto no modo difuso é dormir a quantidade de horas recomendadas, à noite e no escuro.
Dormir pouco prejudica muito o aprendizado e a memória. Não dormir detona a sua memória! Principalmente antes de uma prova.
Pensamento travado (”einstellung”)
Durante o modo focado, se você força o pensamento por muito tempo, seu cérebro fica girando entre aquelas informações familiares e você fica sem sair do lugar, nem ver uma solução diferente, por outro ponto de vista.
O seu pensamento pode ficar travado em uma única técnica que você acha que deve ser o caminho da solução, e nem progride com ideias novas. É a conhecida ideia fixa!
Enquanto continuar a focar no problema, estará bloqueando o modo difuso. Por isso, é sempre bom sair do lugar e dar uma volta.
A descoberta de que o caminho está errado faz parte do aprendizado e ajuda a buscar novos caminhos para a solução. Isso é tarefa do modo difuso. Nesse caso, permanecer no modo focado pode bloquear a nossa habilidade de ver novas soluções.
Após períodos de estudo em modo focado e difuso, se o seu raciocínio não conseguir progredir na solução do problema, permanecendo travado, peça ajuda aos colegas ou professores, pois eles poderão lhe dar uma perspectiva diferente para seguir adiante e destravar seu cérebro do pensamento recorrente.
Dica importante! Se você está com dificuldades em alguma atividade que colegas conseguem realizar com facilidade, não se compare a eles, apenas foque na sua própria evolução!
Memória de trabalho x Memória de longo prazo
Além dos modos de pensamento, a autora diz que temos dois tipos de memória:
· Memória de trabalho – responsável por armazenar as informações que estamos acessando conscientemente em um momento. É a nossa RAM;
· Memória de longo prazo – guarda as informações que o cérebro considera importantes para uso posterior. É o nosso HD (ou SSD!).
A memória de trabalho consegue manter poucos itens no ar, em torno de apenas 4. Já a memória de longo prazo pode conter grande quantidade de material, mas precisa ser revisitada ocasionalmente para manter as memórias acessíveis.
Blocos Conceituais (“Chunks”)
Blocos conceituais são saltos mentais que unem partes separadas de informação por meio do significado. Ao dividir as informações de uma ideia ou conceito, você não precisa se lembrar de todos os pequenos detalhes, apenas da ideia principal, o bloco.
As etapas seguintes são essenciais para criar um bloco e encaixá-lo em uma visão geral conceitual maior do que você está aprendendo. Para dividir as informações:
1. Foque sua atenção nas informações que você deseja dividir;
2. Quando você começa a aprender algo, está criando novos padrões neurais e conectando-os com padrões preexistentes que estão espalhados por muitas áreas do cérebro. Por isso, apenas entender como um problema foi resolvido não cria necessariamente um bloco que você pode facilmente lembrar mais tarde.
3. Para fechar o agrupamento (o bloco), obtenha contexto para ver como e quando usar esse fragmento, repetindo e praticando com problemas relacionados e não relacionados também.
O agrupamento permite envolver seu aprendizado de como usar uma determinada técnica de solução de problemas.
Ilusões de competência e a importância da recordação
Simplesmente olhar para a solução de um problema e pensar que você já o entendeu é uma das ilusões mais comuns no aprendizado.
A ilusão de competência ocorre quando você lê um material (livro, artigo, Google!) e acredita que ele também está no seu cérebro. Como é mais fácil olhar para o livro em vez de relembrar, os alunos persistem em sua ilusão, estudando de uma maneira muito menos produtiva.
Se você resolve um problema apenas olhando para a solução e depois diz a si mesmo: “Ah, entendi por que eles fizeram isso”, então a solução não é sua, pois você não fez quase nada para unir os conceitos em seu cérebro.
O realce e o sublinhado de textos devem ser feitos com cuidado, senão podem ser ineficazes e enganosos, por lhe induzir a achar que apenas o movimento de sua mão já colocou o conceito em seu cérebro. Ao marcar o texto, procure as ideias principais e marque o mínimo de texto possível (uma frase ou parte de um parágrafo).
É muito mais eficaz usar a prática de recuperação (tentar relembrar o material que você está tentando aprender) do que simplesmente reler o material. Você deve ter informações persistentes em sua memória se quiser dominar o material estudado.
Usar a recordação - recuperação mental das ideias-chave - em vez da releitura passiva tornará seu tempo de estudo mais focado e eficaz. A releitura do texto pode ser eficaz apenas se você deixar o tempo passar entre as releituras, que se torna um exercício de repetição espaçada.
Repetição espaçada
Uma informação colocada na memória de trabalho precisa ser revisitada algumas vezes para ficar gravada na memória de longo prazo. Para isso, usa-se a técnica de repetição espaçada, em que a informação (solução de um problema ou palavra estrangeira nova) é repetida regularmente ao longo de alguns dias.
A repetição espaçada ajuda a mover itens da memória de trabalho para a memória de longo prazo. Um programa de flash cards, como o ANKI, pode ajudar nesta tarefa.
Prática focada e Repetição
Esta técnica cria trilhas na memória, da mesma forma que um golfista realiza jogadas impecáveis ou um cozinheiro dá um giro perfeito em uma omelete.
Ou seja, a prática focada com repetição cria um hábito. Um hábito é realizado pelo seu lado inconsciente do cérebro, você não precisa pensar em como vai fazer, nem tomar decisões, pois o processo já está gravado.
No entanto, quando você está com raiva, estressado ou com medo seu cérebro parece não funcionar direito.
Procrastinação
A procrastinação é o hábito de deixar de fazer tarefas importantes e necessárias para fazer outras coisas mais prazerosas, mesmo que esse comportamento traga problemas. É um mau hábito!
Este é um padrão típico de procrastinação:
· Você pensa em algo de que não gosta particularmente e os centros de dor do seu cérebro se acendem;
· Então você muda e restringe seu foco de atenção para algo mais agradável. Isso faz com que você se sinta melhor temporariamente.
Nós procrastinamos coisas que nos fazem sentir desconfortáveis, mas quanto melhor você for bom em alguma coisa, mais descobrirá que gosta dela e deixará de procrastiná-la. Se você sente que realizou algo, é mais fácil seguir em frente e permanecer no caminho certo.
Na verdade, a antecipação de fazer a tarefa é mais dolorosa do que a sua realização. O medo de fazer uma tarefa consome mais tempo e energia do que fazer a tarefa em si.
As consequências da procrastinação são conhecidas: maior estresse, piora da saúde, notas mais baixas, tarefas atrasadas, acúmulo de tarefas pendentes etc.
Com o passar do tempo, o hábito pode se tornar arraigado, virando quase um vício. Nesse ponto, consertá-lo pode parecer sem esperança. Uma boa técnica para vencer a procrastinação é fazer uma tarefa de cada vez ou usar a técnica Pomodoro.
Pomodoro
O “Pomodoro” é uma técnica de gerenciamento do tempo, desenvolvida para ajudar na concentração da atenção durante um curto período de tempo.
Ela foi criada por Francesco Cirillo, na década de 80, que usava um cronômetro em forma de um tomate (“pomodoro”, em italiano), daí o nome.
A técnica consiste em definir um determinado tempo (por exemplo, 25 minutos) para focar em uma atividade, livre de distrações. Após este tempo, você define um tempo curto (por exemplo, 5 minutos) para se distrair, como recompensa por ter ficado focado.
Distrações podem ser navegar na web, conversar no telefone, enviar mensagens, ser interrompido. Por isso é bom desligar as notificações do celular e fechar todas as abas do navegador que não sejam a do seu estudo.
Você também pode dizer às pessoas ao redor (familiares, amigos) que está usando a técnica e não quer ser interrompido.
Estudar com a pressão do cronômetro pode ser estressante, mas se você aprender sob leve estresse, vai poder lidar com um estresse maior com mais facilidade, quando precisar, por exemplo, numa prova, concursos e competições.
Muitas vezes surge o desejo de dar uma espiada em algo não relacionado ao trabalho, mas ignorando as distrações e voltando a atenção para o seu trabalho, você vai saborear a sensação de realização ao final do tempo.
No Pomodoro, o processo envolve simples esforço concentrado de trabalhar durante aquele tempo configurado, sem se preocupar em terminar alguma tarefa específica (concluir um capítulo, resolver 3 exercícios etc.). Você entra em um estado automático, que pode lhe permitir até acessar o modo difuso.
Desta forma, você foca no processo (concluir o tempo) ao invés do produto (concluir um capítulo, resolver 4 exercícios), podendo até prevenir a procrastinação e a multitarefa.
Hábitos
Um hábito é quando nosso cérebro entra em um modo pré-programado, automático, de forma inconsciente. A gente não precisa pensar e decidir o que fazer em cada etapa dele, pois esses passos já estão gravados na memória.
Uma das vantagens do hábito é que ele economiza energia para nós, libertando a nossa mente para outros tipos de atividades. Os hábitos se desenvolvem e continuam porque nos recompensam.
Hábitos podem ser bons e ruins. Um exemplo de hábito ruim é a procrastinação; de hábito bom, é a prática focada com repetição.
Os hábitos têm quatro partes:
· Sugestão: É o gatilho, a deixa, que o lança no “modo zumbi”;
· Rotina: É o modo zumbi, a resposta habitual que seu cérebro está acostumado a cair quando recebe a deixa;
· Recompensa: É a dose de prazer que o cérebro recebe;
· Crença: É o que dá o poder aos hábitos.
Para mudar um mau hábito basta substituir uma parte dele, desenvolvendo um novo hábito. O truque é procurar o ponto de pressão (sua reação a uma deixa) e usar a força de vontade para mudar sua reação à esta deixa.
A deixa é o que o lança em seu modo zumbi, geralmente, um local, uma hora, como você se sente, reações a outras pessoas ou algo que acabou de acontecer.
A reação ocorre quando, em vez de fazer seus estudos, você costuma desviar sua atenção para algo menos doloroso. Seu cérebro quer entrar automaticamente nessa rotina quando você receber a deixa, então este é o ponto de pressão em que você deve se concentrar ativamente em religar seu antigo hábito.
Por exemplo, ao procurar algo na Internet, você fica navegando sem parar, mesmo quando tenta se manter na tarefa. Procurar na Internet é a deixa!
A deixa aí é procurar algo na Internet, a reação é navegar sem parar.
Mantendo a deixa, quando ela vier, ao encontrar o que deseja, sua reação deve ser fechar todas as abas do navegador, mantendo apenas a página encontrada para a sua tarefa, sem entrar em novos links.
A chave é ter um plano, que pode não funcionar bem no início, pois é preciso repetir o ciclo do novo hábito vários dias até que ele substitua o velho.
8 - Conclusão
Atualmente, sempre precisamos nos atualizar e continuar aprendendo alguma coisa. Principalmente na área de tecnologia, onde os avanços se dão a cada dia. Cada pessoa tem seu próprio método de estudar, ou estuda sem método mesmo.
Este artigo procurou mostrar algumas técnicas de estudo eficazes, já consagradas por especialistas.
Primeiro, foi apresentado o famoso Método de Feynman que lista as bases simples do estudo eficiente, que pode ser resumida em: simplifique seu conteúdo até conseguir ensinar a uma criança.
Depois, foram resumidas as diversas técnicas apresentadas no livro Aprendendo a Aprender, de Barbara Oakley, base de um curso dado por ela mesma no portal Coursera.
Estas técnicas incluem skimming, repetição espaçada, uso efetivo dos modos focado e difuso, bem como o melhor aproveitamento da memória. E dormir bem!!!
Além disso, a autora descreve a técnica Pomodoro, para ajudar a evitar a procrastinação, hábito terrível que atrapalha não só o estudo como a vida pessoal e profissional de muita gente.
Eu costumo aplicar várias destas técnicas, pois ainda hoje, aos 61 anos, costumo estudar muito para acompanhar os avanços da área de tecnologia e programação.
Nas próximas semanas, vou publicar outros artigos sobre o assunto, sempre tratando de livros de especialistas renomados nesta área.
Espero que seja útil para os iniciantes, para aqueles em transição de carreira (iniciantes em programação!) e os experientes na área também, afinal, vivenciamos o “lifelong lesarning”!!
Peço desculpas pelo artigo tão longo (eu tinha prometido escrever artigos mais curtos), mas resumir um livro cheio de informações relevantes de 350 páginas em menos de 4000 palavras) foi um desafio! Ainda teve conteúdo sobre a técnica Feyman.
9 – Referências
[1] XP Educação, Aprenda o que é a Técnica Feynman + passos de como aplicá-la. Disponível em: < https://blog.xpeducacao.com.br/tecnica-feynman/>. Acesso em: 03/06/2023
[2] Barbara Oakley, Aprendendo a aprender, Infopress, 2015.
10 – Outros artigos sobre o mesmo assunto
Recomendo a leitura dos artigos seguintes, com assunto relacionado ao deste artigo que você acabou de ler.
Fernando Araujo, É ensinando que se aprende.
Disponível em: <https://web.dio.me/articles/e-ensinando-que-se-aprende?back=%2Farticles&page=1&order=oldest>
Fernando Araujo, Iniciantes 1 - A importância do inglês na vida de um dev.
Disponível em: <https://web.dio.me/articles/a-importancia-do-ingles-na-minha-vida?back=%2Farticles&page=1&order=oldest>
Fernando Araujo, Iniciantes 2 – Aprenda a traduzir textos técnicos em inglês – parte 1.
Disponível em: <https://web.dio.me/articles/ingles-instrumental?back=%2Farticles&page=1&order=oldest>
Fernando Araujo, Iniciantes 3 - Aprenda a traduzir textos técnicos em inglês – parte 2.
Disponível em: <https://web.dio.me/articles/aprenda-a-traduzir-textos-tecnicos-em-ingles-parte-2?back=%2Farticles&page=1&order=oldest>