Transição de Carreira: É Necessário Fazer Mesmo?

Depois dos meus últimos relatos até aqui, alguns devem ter a certeza agora de que eu estaria fazendo uma transição de carreira do setor financeiro para o TI. Porém, nem tudo é o que parece.

Há mais ou menos sete ou 8 anos atrás, tive uma consciência de que a tecnologia, o mundo do TI, o Dev, seria - como se já não fosse - tão essencial quanto respirar e praticamente pra sempre (até que aconteça aqueles cenários apocalípticos que tudo acaba e voltamos a fazer fogo com pedras e palha).

Assim sendo, também percebi o quanto as ferramentas de escritório, como o Excel, PowerPoint, sistemas operacionais e financeiros como ERPs, entre outros, estavam rotineiramente nas minha atividades e o tempo do papel e caneta de quando eu comecei em 2009 já tinha ficado para trás.

Por isso, vendo a importância da tecnologia na vida em geral e ao invés de fazer uma transição de carreira, resolvi iniciar no TI para AGREGAR à minha carreira. Hoje, invariavelmente, as vagas para Analistas de Planejamento Financeiro, ou FP&A, exigem conhecimentos e experiência em VBA, Power BI, Python, SQL, sendo que, em tese, o "carinha do TI" é quem teria essas habilidades.

E é aí que o plot twist está feito! Então, considerando que profissionais da minha área (por exemplo) estão agregando habilidades de profissionais do TI, quantas outras profissões também não poderão fazer isso? E mais: quando o analista de software precisaria fazer a sua própria transição de carreira, uma vez que suas funções se limitariam a... a o que?

Houve uma época onde os Dev faziam os gráficos em Excel, montavam a estrutura de dados em Access, ajudavam na construção das apresentações em PowerPoint. Entretanto, as idas e vindas desses processos tornavam as coisas mais morosas e a falta de profundidade do Dev na área ou setor da empresa faz com que o retrabalho seja executado diversas vezes, afim de refinar o que o cliente interno precisa e, com o passar dos anos, os próprios funcionários da área passaram a realizar essas tarefas, agilizando a criação e aprimorando com resultados finais mais precisos.

E, com a máxima do ChatGPT em nossas vidas, cada vez mais profissionais de outras áreas e segmentos também começam a despertar e agregar as habilidades do Dev em suas atividades. Então, até que ponto o profissional do TI também não precisa ficar atento à uma antecipação de uma tendência que está para vir e se preparar para se verticalizar em uma área específica? Ao que tudo indica, o profissional de TI generalista está cada vez mais ficando de lado e por isso mesmo grandes analistas sêniores já entenderam esse movimento e buscaram entender mais o negócio onde atuam.

Voltamos aqui, mais uma vez, para a questão do comodismo, onde também sobreviverá aquele que se adaptar e entender as mudanças, onde os sacrifícios precisam ser feitos. Ao longo da minha carreira, vi desligamentos de pares de área justamente porque eu consegui otimizar tanto nossos processos com automatizações através de VBA ao mesmo tempo que passei a depender cada vez menos dos meus amigos do TI, uma vez que eu já sabia ler a documentação e aplicar as alterações e incrementos, e a passagem de processos ou validações pela área de tecnologia passou a ser apenas burocrática ou por "vaidade", digamos assim.

Em resumo, não necessariamente você precisa fazer uma transição de carreira, mas com certeza irá precisar agregar "serviços" naquilo que faz, tanto o pessoal igual a mim que precisou aprender habilidades de tecnologia quanto Devs aprenderem não necessariamente habilidades, mas a funcionalidade de alguma ou algumas áreas, seus objetivos e características. Todos precisamos sobreviver para não nos tornarmos vítimas da substituição, onde profissionais medianos vão sim cair.