Programação — por onde começar?
Seja qual for a sua área de trabalho, você já deve ter escutado expressões do tipo “sua profissão vai sumir” ou “vai ser substituído por uma máquina”, principalmente se suas atividades estão relacionadas a tarefas repetitivas ou susceptíveis a erros por desatenção ou sobrecarga de trabalho.
Receber uma afirmação dessas não é animador para ninguém, mesmo que você tenha uma longa carreira na sua profissão. E aí que mora um perigo: o comodismo. E não podemos negar o fato que todos precisam se capacitar em suas profissões, e aquele que não o faz “fica para trás”, como se diz por aí. Trazendo um exemplo prático, você pode não acreditar, mas já vi vagas de emprego de costureira, isso mesmo, de costureira, que precisava de conhecimentos de programação! Imagina para outras profissões na vasta quantidade de escritórios por aí a fora, o quão importante é aprender a programar.
Como o mundo se tornou altamente informatizado — e, realidades como as dos tempos modernos de Charles Chaplin podem não existem mais — é preciso mergulhar em um novo mundo que domina o ambiente de produção. E isso não é difícil de aprender, ao contrário do que muitos pensam. Difícil será (re-)programar sua cabeça!
Assim como você precisou (e, com certeza, ainda precisa) entender ferramentas para desempenhar suas atividades, ou simplesmente saber quando atravessar a rua (e onde fazer isso), e isso envolveu uma quantidade enorme de normas e regras, que foram compreendidas aos poucos, reutilizadas aos poucos, você precisará entender uma nova forma de enxergar o mundo. Uma nova linguagem, um novo meio, um novo aprendizado.
E é o nosso aprendizado, que auto-programa a nossa mente, por meio do que já assimilamos ao longo da vida — as primeiras palavras, as formas, as cores, os sentidos, as direções, os sentimentos, que nos permite chegar a entendimentos como o que falamos há pouco, como se nós mesmos tivéssemos uma programação, alguns comandos para executar cada coisa. Para a programação, não será diferente: você poderá se desenvolver novamente como pessoa, agora, expandindo as fronteiras do seu aprendizado para os domínios da tecnologia.
Nesse novo aprendizado, não pense em avançar logo o sinal e tentando descobrir como funciona um determinado tipo de tecnologia sem que você tenha noção do que as palavras algoritmo e lógica significam. Elas ajudarão a estruturar seu raciocínio e combinar os novos comandos que você dará ao seu cérebro. Afinal, estruturar o pensamento é a grande missão do programador!
Eu sei que nessa altura do campeonato, você já cansou de ler esse artigo e está pensando em procurar outro que te ofereça uma solução mais simples, mas não adianta pular etapas! E é justamente passando por cada etapa, um passo de cada vez, que nós vamos entender o que é algoritmo. Sabe os comandos que falamos há pouco, que sua mente aprendeu a fazer? Pois é, quando você tem uma sequência deles, isso te ajuda a chegar numa solução de algum problema, ou a concluir uma determinada tarefa. Seja simplesmente sair de casa para o trabalho, fazer um bolo, preencher uma planilha de folha de pagamento ou fabricar um programa de computador, tudo isso envolve uma sequência lógica de passos que te levará a resolver um problema ou cumprir uma tarefa. Isso é algoritmo.
Mas, onde está a lógica disso tudo? Os algoritmos são sequência de passos, certo? Essa sequência precisa seguir um raciocínio bem estruturado, que é o resultado da materialização do seu pensamento. Se na sua ida de casa para o trabalho você sabe que precisa tomar banho antes de sair, e não pode apanhar determinado ônibus porque o caminho é mais longo, ou não pode bater a massa do seu bolo antes de colocar os ovos, isso é lógica. Você pensa em algo que é possível fazer, e põe em prática.
Entendido esses dois passos, como re-programar seu cérebro? Será como aprender um novo idioma, no começo é difícil associar que walk significa caminhar em inglês, ou que chica é menina em espanhol, mas com a prática constante, você vai pegando o jeito e vai se tornando mais fluente. Não é diferente com os computadores: eles têm sua linguagem própria e sua dinâmica de funcionamento. Como você usará o computador para resolver um problema, precisa pensar como ele, e nem todos os comandos que você está acostumado será escrito no mesmo idioma que você conhece, mas em uma nova linguagem, a de programação.
O bom disso tudo é que, aos poucos, você irá perceber que tudo que fazemos pode ser traduzido para alguns comandos mais simples, e alguns deles se repetem, outros são condicionados, e muitos podem ser reutilizados! Toda informação é importante e pode variar, e a forma de armazená-las pode determinar a complexidade de uma solução. Aliando sempre o conhecimento elementar de algoritmos, primeiramente pensando bem cada passo da sua tarefa, a uma linguagem de programação, você pode começar implementando soluções para pequenos problemas de matemática, como contagem, aritmética, porcentagem, conversão de valores, até que você compreenda como o computador trabalha com palavras, símbolos, imagens, interface gráfica.
E qual linguagem aprender? Como isso vai ajudar no meu trabalho? Depende do problema que você está destinado a resolver. Comece aprendendo linguagens mais próximas dos algoritmos, como Pascal, ou mais atualizadas e mais utilizadas no mercado como Python, até que você chegue a linguagens um pouco mais arrojadas, como Java, C/C++, JavaScript e PHP, por exemplo. Todas são amplamente difundidas em cursos gratuitos e tutoriais na Web. Mas não se esqueça de aprender lógica de programação, algoritmos (e se possível, estrutura de dados)! Alguns bons cursos você encontra na Fundação Bradesco, na Coursera, na Udemy, e até no YouTube, além aqui da DIO, é claro!
Eu acredito na evolução de qualquer pessoa na sua profissão com conhecimento de programação. Não só evolução, mas talvez a descoberta de uma nova carreira! Solucionando problemas reais da sociedade ou automatizando suas tarefas, te dando mais confiança e mais produtividade. Mas, para isso, é preciso sair da zona de conforto e deixar de agir como observador e passar a ser um agente transformador, não do mundo todo logo de cara, mas do seu ambiente primeiro. O mercado de trabalho é muito dinâmico, e novas profissões vão sim surgir, outras já são realidade, basta você se mexer para realmente não ser substituído por uma máquina, mas por alguém qualificado (e por uma máquina).