Programação e metafísica: qual é a relação entre elas?
- #POO
Concluí recentemente um curso de POO (programação orientada a objetos), que é um paradigma de programação ou, em outras palavras, uma forma específica de programar. O curioso é que, para quem conhece um pouco de Filosofia, POO soa quase como uma metafísica.
Fazendo uma analogia: com essa forma de programação se criam, primeiramente, os “universais” e, em seguida, os “particulares” que participam desses universais.
Inclusive, em alguns casos, tal como na metafísica, esses universais não geram existências particulares, sendo apenas conceitos fundadores dos quais outros participarão. Para dar um exemplo, imagine que eu esteja construindo um sistema bancário com POO. Nesse sistema, começo criando o universal “conta” e, depois, derivo desse universal dois conceitos: “conta corrente” e “conta poupança”. O universal conta não corresponde e nunca corresponderá a nenhum objeto, afinal, não existe nesse sistema uma “conta” que não seja dos tipos particulares corrente ou poupança. Contudo, preciso desse universal justamente para poder construir os particulares. Em alguns metafísicas há movimentos argumentativos semelhantes, em que um conceito universal nunca se efetiva numa existência específica, no entanto ele precisa existir para fomentar outros conceitos e suas realizações. Posso imaginar, por exemplo, uma metafísica que defenda a existência do universal “criatura”, mas que, ao mesmo tempo, diga que não existe “a criatura” que realize esse conceito, apenas criaturas particulares cujas existências dependem da existência do universal, mesmo que não sejam uma realização dele.
A POO se organiza por meio de uma hierarquia da criação em que se parte do mais elevado e abrangente ao mais particular e específico. Pensando assim, o programador seria uma espécie de criador de castelos imaginários, parafraseando o Kierkegaard.
Claro que estou brincando, mas creio mesmo que exista alguma ligação entre Filosofia e POO a qual eu desconheço. Talvez essa ligação seja a lógica booleana, ou talvez sejam os conceitos matemáticos que ambos os campos utilizam; não sei. Nunca encontrei filósofos que pensassem a programação, embora tenha notícia da turma do Newton da Costa e outros como ele que, infelizmente, estão muito acima do meu nível de compreensão.
Se alguém souber, diga-me e, quando eu descobrir como essas coisas se relacionam, prometo que escrevo a respeito. Até lá, seguem os estudos.