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Fabio Silva
Fabio Silva29/09/2022 08:54
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Os pilares da Educação no século XXI

    Segundo o relatório da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI (1999), presidida por Jacques Delors para a UNESCO, cabe à educação fornecer os mapas de um mundo complexo e constantemente agitado e, ao mesmo tempo, a bússola que permita navegar através dele. Neste sentido, propõe uma ampla revisão do papel da educação diante do processo de globalização das relações econômicas e culturais, estabelecendo os quatro pilares da educação contemporânea ao longo da vida. Posteriormente, em um trabalho sobre a Educação para o Desenvolvimento Sustentável, a UNESCO propôs a inclusão do que seria um quinto pilar que é o Aprender a Transformar-se e a Transformar a Sociedade. 

    1 - APRENDER A CONHECER: desenvolvimento da compreensão do mundo a nossa volta, do desejo de conhecer, de descobrir e de ativar a própria capacidade de aprender continuamente. O aumento contínuo de saberes desperta a curiosidade intelectual, o senso crítico, o discernimento e a autonomia intelectual. A especialização não deve excluir a cultura geral vasta, já que esta gera abertura a outras áreas de conhecimento, maior sinergia e avanços no aprendizado.

    1.1 - Reaprender: estar atento para sair intencionalmente da zona de conforto, ter disposição para mudar e quebrar paradigmas. Adotar a postura de aluno ativo, saindo da postura de aluno passivo. Pensar questões antigas sob novos ângulos, através dos argumentos do(s) outro(s). Encontrar novos significados para o que já é conhecido, reciclando conhecimentos e reavaliando o que considera “óbvio”.

    1. 2 - Questionar, analisar e sintetizar: exercitar o pensamento crítico e da argumentação com o propósito de construção conjunta de conhecimentos. Usar a criatividade, construir analogias e metáforas, aprendendo por meio da experiência de colocar em prática o aprendizado. Retroalimentar a Comunidade de Aprendizagem com a análise dos resultados obtidos. O que aprendi, de fato? O que mais ainda preciso aprender sobre isso?

    2. APRENDER A FAZER: é comprometer-se em desenvolver de modo criativo competências para lidar com a complexidade do mundo atual, no qual não basta apenas estar preparado para alguma tarefa material pré-determinada. Em função da dinâmica econômica atual é essencial transformar conhecimento em inovações geradoras de novas soluções, novas empresas, produtos e serviços.

    2.1 - Aproveitar as oportunidades de aprendizado: ter perspicácia e perceber as diferentes situações cotidianas, com um olhar crítico, questionador e criativo. Olhar para o cotidiano como uma fonte de oportunidades para aplicar o aprendizado adquirido. É também aprender através de meios formais ou informais, nem sempre diretamente relacionados à área de formação.

    2.2 – Aplicar os conhecimentos: pensar, propor e implementar soluções mais efetivas e definitivas, pela implementação da mudança do modelo mental linear para um pensamento sistêmico. Ampliar a visão de processo, identificando os principais eventos, percebendo padrões, forças, tendências e, por fim, a estrutura sistêmica. Ao fazer isso, inova-se efetivamente propondo soluções até então não pensadas, que atuam sobre as causas e não sobre os efeitos dos problemas.

    3. APRENDER A VIVER JUNTOS: desenvolver a compreensão do outro, da empatia e a percepção das interdependências. Este é um grande desafio, em função dos estímulos para a competição e o sucesso individual. A compreensão de si mesmo passa pela compreensão do outro, ao tomar consciência das semelhanças e das interdependências. Uma das formas de atingir esse objetivo é engajar-se em projetos conjuntos com significados compartilhados e preparar-se para gerir conflitos, respeitando os valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz. Aprender a viver juntos passa também pela celebração das conquistas do grupo. Celebrar contribui para fortalecer os vínculos entre os membros da Comunidade de Aprendizagem.

    3.1 - Valorizar a diversidade: estar aberto a aprender com cada pessoa, assumindo que todos têm o que aprender e ensinar. Ao invés de encarar a diversidade como problema, ela é aproveitada para enriquecer o aprendizado, seja por meio das diversas especialidades, da combinação de competências, da bagagem de experiências, dos conhecimentos e estilos de aprendizagem próprios de cada um.

    3.2 - Colaborar e compartilhar: contribuir para a construção de um ambiente de relações sócio afetivas saudáveis. Manter incentivos mútuos ao aprendizado, em que todos apoiam o crescimento de todos. Dessa forma, desenvolve-se a rede de relacionamentos, num amplo intercâmbio de conhecimentos, experiências, motivações e dúvidas (compartilha-se o saber e o não-saber). Constrói-se o aprendizado em grupo através das trocas de percepções (busca-se olhar com os olhos do outro).

    4. APRENDER A SER: maturação contínua da personalidade, agindo cada vez com maior autonomia, discernimento e responsabilidade pessoal. É o comprometimento com o autodesenvolvimento integrado: tornar-se, a cada dia, uma pessoa que possa ser um referencial, uma fonte de inspiração para a comunidade em que estuda, vive e/ou trabalha.

    4.1 - Praticar a autogestão: dedicar-se a aprender e não apenas a estudar. Ser gestor do seu desenvolvimento pessoal e profissional, buscando ativamente novas informações, métodos e recursos para expandir o aprendizado. Assumir a responsabilidade pessoal pela qualidade e ética dos seus processos de aprendizagem. Comprometer-se com atitudes de aprendizado contínuo.

    4.2 - Estabelecer e vivenciar a missão pessoal: ver a vida na perspectiva criativa e não reativa. É a justaposição do que queremos (visão) e da percepção clara da realidade (onde estamos em relação ao que queremos). Transparece no senso de propósito pessoal, favorecendo o estado de aprendizagem contínua ao longo da vida. Envolve sentir-se comprometido e conectado com os outros e com a vida, desenvolver e manter valores profundos, maturidade emocional e capacidade de postergar gratificações em favor do objetivo estabelecido. Transparece no ato de coragem de fazer escolhas e comprometer-se com suas implicações, optando pelos resultados e ações que a pessoa transformará em seu destino.

    Contribuição dos autores

    Este modelo de Comunidade de Aprendizagem é obra conjunta dos três autores, fruto da pesquisa, experiências e também discussão desses conceitos com alunos de cursos de pós-graduação e com participantes de programas de educação corporativa conduzidos pelos autores. O infográfico apresentado é contribuição de Alba Torres.

    Referências

    DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. 2ª. Ed. – São Paulo: Cortez, Brasília, DF: MEC:UNESCO, 1999.

    Oficina Regional de Educación de la UNESCO para América Latina Y el Caribe. Disponível em http://unesdoc.unesco.org/images/0018/001819/181906s.pdf Download em 17/08/2022.

    Policy Dialogue 1: ESD and Development Policy. UNESCO, 2009. Disponível em http://unesdoc.unesco.org/images/0017/001791/179121e.pdf. Download em 17/08/2022.

    Autores

    Alba Torres é Contadora, consultora de RH para Desenvolvimento de Liderança por Valores para a América Latina. Especialista em Comunicação Estratégica e Negócios. Atua como Executive Coach e Professora em Programas de Pós-Graduação em Escola de Negócios. albatorres@entrelacos.com.br

    Andréa Lindner é Psicóloga, consultora de RH na área de Treinamento e Desenvolvimento para a América Latina. Mestre em Psicologia Social e da Saúde pela Maastricht University (Holanda). andrea@evolui.com.br.

    Leonardo Paludeto é Psicólogo, consultor internacional de RH, mestre em Psicologia Social e da Saúde pela Maastricht University (Holanda), doutorando em Psicologia Integral e Transpessoal nos EUA. leonardo@evolui.com.br

    Este artigo também está publicado em https://www.entrelacos.com.br/blog/

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    Comentários (3)
    Laio Silva
    Laio Silva - 29/09/2022 21:34

    Olá, tudo bom?

    Qual sua visão sobre qualidade?

    Por favor, posso contar com seu voto no artigo abaixo?


    DIO | Codifique o seu futuro global agora

    Desde já, te agradeço!

    Marcos
    Marcos - 29/09/2022 16:41

    Teoricamente é isso, na prática o índice de analfabetismo somente aumenta.

    Giancarlo Rodrigues
    Giancarlo Rodrigues - 29/09/2022 10:41

    Muito bom o artigo!!