O que é um Hash?
O que é um Hash?
Um hash é uma função matemática que transforma uma entrada (dados de qualquer tamanho, como texto ou arquivos) em uma saída fixa de comprimento específico.
A saída gerada é chamada de valor de hash ou resumo de hash. Hashes são amplamente usados em diversas áreas da computação, como segurança, verificação de integridade e armazenamento eficiente de dados.
Características de uma função hash
1. Determinística: Para uma mesma entrada, sempre retorna o mesmo valor de hash.
2. Unidirecional: É fácil calcular o hash de uma entrada, mas muito difícil (praticamente impossível) reverter o processo para descobrir a entrada original.
3. Sensível a alterações: Qualquer mudança na entrada, mesmo mínima, gera um valor de hash completamente diferente.
4. Eficiência: Deve ser rápida para calcular o hash, mesmo para entradas grandes.
5. Resistência a colisões: Duas entradas diferentes dificilmente geram o mesmo valor de hash.
Exemplos práticos
Exemplo 1: Verificação de integridade
Imagine que você faça o download de um arquivo. O site fornece o valor de hash do arquivo para que você possa verificar se o arquivo não foi corrompido durante o download.
1. Antes de enviar o arquivo, o site calcula o hash, por exemplo, usando o algoritmo SHA-256, e informa o valor:
Hash do arquivo original: d2d2d2a5678e098f23d... (64 caracteres)
2. Após o download, você usa um programa para calcular o hash do arquivo baixado. Se o hash for idêntico ao informado, o arquivo está íntegro. Caso contrário, ele foi alterado ou corrompido.
Exemplo 2: Armazenamento seguro de senhas
Em sistemas de autenticação, senhas dos usuários não são armazenadas diretamente, mas sim seus valores de hash. Por exemplo:
1. Usuário escolhe a senha senha123.
2. O sistema calcula o hash da senha usando, por exemplo, o algoritmo bcrypt:
Hash gerado: $2a$12$J9vJbODv/aW... (código complexo)
3. Quando o usuário tenta fazer login, o sistema recalcula o hash da senha fornecida e compara com o hash armazenado. Se forem iguais, o acesso é concedido. Se o banco de dados for comprometido, os hashes são inúteis sem a senha original.
Exemplo 3: Estruturas de dados - Tabelas Hash
Hashes são usados em tabelas hash para armazenar e acessar dados rapidamente.
1. Imagine uma tabela de telefones:
Nome: Alice Veiga
Telefone: (37) 9999-9999
2. Ao armazenar, o sistema calcula o hash do nome Sérgio Santos (por exemplo, A1B2C3).
3. O hash é usado como índice para localizar rapidamente o telefone na tabela. Assim, mesmo com milhões de registros, a busca pelo número é eficiente.
É importante mencionar que existem diferentes algoritmos de hash, cada um com suas características:
Algoritmos de hash comuns.
MD5: Antigo e rápido, mas inseguro para uso em segurança.
SHA-1: Também obsoleto devido a vulnerabilidades.
SHA-256: Amplamente usado em segurança e blockchain.
- SHA-512 (512 bits) - Ainda mais seguro
bcrypt e Argon2: Projetados especificamente para proteger senhas.
Para segurança de senhas, é recomendado usar algoritmos específicos como bcrypt, Argon2 ou PBKDF2, que são mais lentos propositalmente para dificultar ataques de força bruta.
Exemplo em Python
import hashlib
# Entrada
texto = "Exemplo de hash"
# Gerar hash usando SHA-256
hash_obj = hashlib.sha256(texto.encode())
hash_hex = hash_obj.hexdigest()
print(f"Texto original: {texto}")
print(f"Hash gerado: {hash_hex}")
Saída:
Texto original: Exemplo de hash
Hash gerado: 769a70ce9b5b2ab68de8b372b7517a2f9f59c718d9d9b0fa8dcd508f95c7ac21
Neste exemplo, mesmo que você mude uma única letra na entrada, o hash será completamente diferente.
Hashes na Criptografia: Uma Explicação Detalhada
Hashes e Criptografia: Uma Dupla Dinâmica
Os hashes, como você já sabe, são como impressões digitais únicas para conjuntos de dados.
Na criptografia, eles desempenham um papel fundamental na garantia da segurança e integridade da informação.
Como os Hashes são Utilizados na Criptografia:
Armazenamento de Senhas:
Em vez de armazenar senhas em texto plano (facilmente decifráveis), as plataformas armazenam os hashes das senhas.
Ao fazer login, a senha digitada é transformada em um hash e comparada com o hash armazenado.
Se os hashes coincidirem, a autenticação é bem-sucedida.
Verificação de Integridade: Ao baixar um arquivo grande, você pode comparar o hash fornecido pelo servidor com o hash calculado a partir do arquivo baixado.
Se os hashes forem diferentes, significa que o arquivo foi corrompido durante o download.
Assinaturas Digitais:
Os hashes são usados para criar assinaturas digitais, que garantem a autenticidade e integridade de um documento eletrônico.
O remetente calcula o hash do documento, criptografa o hash com sua chave privada e anexa a assinatura ao documento.
O destinatário pode verificar a assinatura usando a chave pública do remetente.
Blockchain:
A tecnologia blockchain utiliza hashes para criar uma cadeia de blocos interligados, onde cada bloco contém um hash do bloco anterior. Isso torna a blockchain extremamente segura e imutável.
Algoritmos de Hash Mais Comuns:
Existem diversos algoritmos de hash, cada um com suas próprias características e aplicações.
Alguns dos mais comuns são:
MD5 (Message Digest 5): Um dos primeiros algoritmos amplamente utilizados, mas atualmente considerado inseguro para muitas aplicações devido a colisões (quando dois dados diferentes geram o mesmo hash).
SHA-1 (Secure Hash Algorithm 1): Sucessor do MD5, mais seguro, mas também apresenta vulnerabilidades conhecidas.
SHA-256: Um algoritmo mais robusto e amplamente utilizado em diversas aplicações, incluindo o Bitcoin.
SHA-512: Similar ao SHA-256, mas gera hashes ainda maiores, oferecendo maior segurança.
Como Funcionam os Algoritmos de Hash:
Entrada: O algoritmo recebe um conjunto de dados de qualquer tamanho como entrada.
Processamento: Os dados são submetidos a uma série de operações matemáticas complexas, como somas, rotações e substituições de bits.
Saída: O resultado final é um hash de tamanho fixo, geralmente expresso em formato hexadecimal.
Exemplo:
Imagine que você deseja calcular o hash da frase "Olá, mundo!".
Um algoritmo de hash, como o SHA-256, irá transformar essa frase em uma sequência aleatória de caracteres, como:
2cf24dba5fb0a30e26e83b2c36c3fae571f2025540dd3a4bf544fb4fe8131c1f
Por que os Hashes são Irreversíveis?
A natureza irreversível dos hashes se deve à complexidade das operações matemáticas envolvidas. Para encontrar a entrada original a partir de um hash, seria necessário realizar um número exponencial de cálculos, o que é computacionalmente inviável para hashes seguros.
Os hashes são ferramentas poderosas na criptografia, oferecendo segurança e integridade para diversas aplicações.
Ao entender como eles funcionam e quais algoritmos são mais adequados para cada situação, você pode tomar decisões mais informadas sobre a segurança dos seus dados.
Colisões em Hash e sua Exploração por invasores
O que são colisões em Hash?
Uma colisão em hash ocorre quando dois dados diferentes geram o mesmo valor de hash. Isso significa que a função hash, que deveria ser única para cada entrada, falha em produzir resultados distintos para essas duas entradas.
Como invasores exploram colisões?
Falsificação de dados: Um atacante poderia criar um documento malicioso com o mesmo hash de um documento original legítimo.
Ao substituir o documento original pelo falso, o receptor não perceberia a alteração, pois os hashes coincidiriam.
Ataques de "homem no meio":
Um atacante poderia interceptar uma comunicação segura, substituir o conteúdo original por um falso e recalcular o hash.
O receptor, ao verificar a assinatura digital, acreditaria que a mensagem é autêntica.
Ataques de pré-imagem:
Embora seja mais difícil, um atacante poderia tentar encontrar a entrada original (pré-imagem) que gera um determinado hash
Isso permitiria a criação de documentos falsos com hashes específicos.
Exemplo:
Imagine um sistema de download de software que verifica a integridade dos arquivos através de hashes.
Se um invasor encontrar uma colisão para o hash de um arquivo legítimo, ele poderia criar um arquivo malicioso com o mesmo hash e substituí-lo no servidor de downloads.
Os usuários que baixassem o arquivo corrompido não perceberiam a alteração, pois o hash coincidiria.
Mitigando o risco de colisões:
Escolha de algoritmos seguros: Utilizar algoritmos de hash mais recentes e resistentes a colisões, como SHA-256 ou SHA-3.
Salting: Adicionar um valor aleatório (salt) aos dados antes de calcular o hash torna mais difícil a criação de tabelas de pré-cálculo (rainbow tables) e aumenta a segurança.
Verificação adicional: Além do hash, utilizar outras técnicas de autenticação, como assinaturas digitais com chaves públicas, para garantir a integridade e autenticidade dos dados.
Assinaturas Digitais na Prática
O que são assinaturas digitais?
Uma assinatura digital é um método de garantir a autenticidade, integridade e não repúdio de um documento eletrônico.
Ela utiliza criptografia assimétrica, com chaves públicas e privadas.
Como funcionam as assinaturas digitais?
Criação da assinatura:
O remetente calcula o hash do documento.
Em seguida, criptografa o hash usando sua chave privada.
Essa assinatura é anexada ao documento.
Verificação da assinatura: O destinatário recebe o documento e a assinatura.
Ele utiliza a chave pública do remetente para descriptografar a assinatura e obter o hash original.
Em seguida, calcula o hash do documento recebido e compara os dois hashes. Se os hashes forem iguais, a assinatura é válida e o documento não foi alterado.
Aplicações das assinaturas digitais:
Contratos eletrônicos: Assinar digitalmente um contrato garante a autenticidade das partes envolvidas e a integridade do documento.
Software: As assinaturas digitais são usadas para verificar a autenticidade de softwares e evitar a distribuição de versões modificadas.
Email: Alguns sistemas de email utilizam assinaturas digitais para garantir a autenticidade das mensagens e evitar o spoofing.
Transações financeiras: As assinaturas digitais são utilizadas em transações online para garantir a segurança e autenticidade das operações.
Exemplo:
Ao baixar um software de um site oficial, você pode verificar a assinatura digital para confirmar que o arquivo não foi alterado por terceiros.
O sistema operacional irá comparar a assinatura digital do arquivo com a chave pública do desenvolvedor.
Se as assinaturas corresponderem, você pode ter certeza de que o software é autêntico e seguro.
Benefícios das assinaturas digitais:
Autenticidade: Garante que o documento foi criado por uma determinada pessoa ou entidade.
Integridade: Assegura que o documento não foi alterado desde a sua criação.
Não repúdio: Impede que o remetente negue ter enviado o documento.
Confidencialidade: Embora não seja a principal função da assinatura digital, ela pode ser combinada com criptografia simétrica para garantir a confidencialidade dos dados.
Em resumo:
As colisões em hash representam uma ameaça à segurança da informação, mas podem ser mitigadas através de práticas adequadas.
As assinaturas digitais, por sua vez, oferecem um mecanismo poderoso para garantir a autenticidade, integridade e não repúdio de documentos eletrônicos, sendo amplamente utilizadas em diversas aplicações.