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Lilian Silva
Lilian Silva01/01/2022 00:53
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Linguagem RUBY

  • #Ruby

Os Ideais do Criador do Ruby

O Ruby é uma linguagem com um cuidadoso equilíbrio. O seu criador, Yukihiro “Matz” Matsumoto, uniu partes das suas linguagens favoritas (Perl, Smalltalk, Eiffel, Ada e Lisp) para formar uma nova linguagem que equilibra a programação funcional com a programação imperativa.

Ele disse com frequência que está “tentando tornar o Ruby natural, não simples”, de uma forma que reflita a vida.

Elaborando sobre isto, acrescenta:

O Ruby é simples na aparência, mas muito complexo no interior, tal como o corpo humano1.

Sobre o Crescimento do Ruby

Desde que foi tornado público em 1995, o Ruby arrastou consigo programadores devotos em todo o mundo. Em 2006, o Ruby atingiu aceitação massiva, com a formação de grupos de usuários em todas as principais cidades do mundo e com as conferências sobre Ruby com lotação esgotada.

A Ruby-Talk, a principal lista de e-mails para a discussão sobre a linguagem Ruby atingiu uma média de 200 mensagens diárias em 2006. Recentemente a média caiu, já que o tamanho da comunidade distribuiu as discussões de uma lista central em muitos grupos menores.

Ruby está posicionado entre no top 10 da maioria dos índices que medem o crescimento da popularidade de linguagens de programação pelo mundo todo (tais como o índice TIOBE). Muito deste crescimento é atribuído à popularidade de softwares escritos em Ruby, em particular o framework de desenvolvimento web Ruby on Rails.

O Ruby também é totalmente livre. Não somente livre de custos, mas também livre para utilizar, copiar, modificar e distribuir.

Ver Tudo como um Objeto

Inicialmente, Matz estudou outras linguagens em busca de encontrar uma sintaxe ideal. Recordando a sua busca, disse, “Eu queria uma linguagem interpretada que fosse mais poderosa do que Perl e mais orientada as objetos do que Python2.”

Em Ruby, tudo é um objeto. Cada parcela de informação e código podem receber as suas próprias propriedades e ações. A Programação orientada a objetos denomina as propriedades como variáveis de instância e as ações como métodos. A aproximação pura, da orientação aos objetos do Ruby, é geralmente demonstrada pelo seguinte trecho de código que aplica uma ação a um número.

5.times { print "Nós *amamos* o Ruby -- ele é fantástico!" }

Em muitas linguagens, números e outros tipos primitivos não são objetos. O Ruby segue a influência da linguagem Smalltalk em atribuir métodos e variáveis de instância a todos os seus tipos. Esta abordagem facilita a utilização do Ruby, uma vez que as regras que se aplicam aos objetos aplicam-se a tudo em Ruby.

A Flexibilidade do Ruby

O Ruby é visto como uma linguagem flexível, uma vez que permite aos seus utilizadores alterar partes da linguagem. Partes essenciais do Ruby podem ser removidas ou redefinidas à vontade. Partes existentes podem ser acrescentadas. O Ruby tenta não restringir o programador.

Por exemplo, a adição é realizada com o operador mais (+). Mas, se preferir utilizar a palavra escrita plus, poderia adicionar esse método à classe nativa do Ruby Numeric.

class Numeric
def plus(x)
  self.+(x)
end
end

y = 5.plus 6
# y agora é igual a 11

Os operadores do Ruby são açúcar sintático para métodos. Você também pode redefini-los.

Blocos, uma Característica Verdadeiramente Expressiva

Os blocos do Ruby são vistos como uma fonte de grande flexibilidade. Um programador pode adicionar uma closure a qualquer método, descrevendo como esse método deve se comportar. A closure é chamada de bloco e tornou-se uma das características mais populares para os recém chegados ao Ruby vindos de outras linguagens imperativas como o PHP ou o Visual Basic.

Os blocos são inspirados nas linguagens funcionais. Matz disse, “nas closures em Ruby, eu quis respeitar a cultura do Lisp3”.

search_engines =
%w[Google Yahoo MSN].map do |engine|
  "http://www." + engine.downcase + ".com"
end

No código acima, o bloco é descrito dentro do trecho do ... end. O método map aplica o bloco à lista de palavras fornecida. Existem muitos outros métodos em Ruby que deixam em aberto a possibilidade para o programador escrever o seu próprio bloco que complete os detalhes do que esse método deveria fazer.

Ruby e o Mixin

De forma diferente a muitas linguagens de programação orientadas a objeto, o Ruby suporta somente herança simples, propositadamente. Mas em Ruby existe o conceito de módulos (chamados categorias em Objective-C). Os módulos são coleções de métodos.

As classes podem fazer o mixin de um modulo e receber todos os métodos do módulo diretamente. Por exemplo, qualquer classe que implemente o método each pode fazer o mixin do módulo Enumerable, que adiciona um conjunto de métodos que utilizam each para iterar.

class MyArray
include Enumerable
end

Geralmente os programadores de Ruby vêm esta abordagem como uma forma muito mais clara do que a herança múltipla, que é complexa e pode ser demasiado restritiva.

A Aparência Visual do Ruby

Apesar de o Ruby utilizar frequentemente pontuação muito limitada e geralmente preferir palavras em inglês, alguma pontuação é utilizada para decorar o Ruby. O Ruby não necessita de declarações de variáveis. Usa simples convenções de nomes para denotar o âmbito das variáveis.

  • var poderia ser uma variável local.
  • @var é uma variável de instância.
  • $var é uma variável global.

Estes símbolos facilitam a leitura do código, permitindo ao programador identificar facilmente o papel de cada variável. Também deixa de ser necessário acrescentar um fastidioso sufixo self. a cada membro de uma instância.

Além do Básico

O Ruby é rico em outras características, entre as quais se destacam as seguintes:

  • Capacidade de tratamento de exceções, tal como em Java ou Python, de forma a facilitar o tratamento de erros.
  • Um verdadeiro garbage collector mark-and-sweep para todos os objectos Ruby. Não é necessário manter contadores de referência em bibliotecas de extensão (extension libraries). Tal como Matz diz, “Isto é melhor para a sua saúde.”
  • Escrever extensões C em Ruby é mais fácil do que em Perl ou Python, com uma API refinada para chamar Ruby a partir do código C. Isto inclui chamadas para embutir Ruby em software externo, para utilizá-lo como uma linguagem interpretada dentro do software. Uma interface SWIG também se encontra disponível.
  • O Ruby pode carregar bibliotecas de extensão (extension libraries) dinamicamente se o Sistema Operacional permitir.
  • O Ruby tem um sistema de threading independente do Sistema Operacional. Portanto, para todas as plataformas nas quais o Ruby roda, temos multithreading independentemente de o Sistema Operacional suportar ou não, temos multithreading até em MS-DOS!
  • O Ruby é altamente portável: é desenvolvido principalmente em ambiente GNU/Linux, mas trabalha em muitos tipos de ambientes UNIX, macOS, Windows, DOS, BeOS, OS/2, etc.

Outras Implementações do Ruby

O Ruby, como uma linguagem, tem algumas implementações diferentes. Esta página tem discutido a implementação de referência, frequentemente chamada pela comunidade de MRI (“Matz’s Ruby Interpreter”, o “Interpretador de Ruby do Matz”) ou CRuby (já que é escrito em C), mas também existem outras. Elas muitas vezes são úteis em determinadas situações, fornecem integração adicional a outras linguagens ou ambientes, ou têm características especiais que o MRI não possui.

Segue uma lista:

  • JRuby é Ruby sobre a JVM (Java Virtual Machine), utilizando os compiladores otimizados JIT da JVM, garbage collectors, threads concorrentes, seu ecossistema de ferramentas e sua vasta coleção de bibliotecas.
  • Rubinius é “Ruby escrito em Ruby”. Construído em cima da LLVM, Rubinius utiliza uma elegante máquina virtual sobre a qual outras linguagens também estão sendo construídas.
  • mruby é uma implementação leve da linguagem Ruby que pode ser vinculada e embutida em uma aplicação. Seu desenvolvimento é conduzido pelo criador do Ruby, Yukihiro “Matz” Matsumoto.
  • IronRuby é uma implementação “fortemente integrada ao .NET Framework”.
  • MagLev é “uma implementação rápida e estável do Ruby, com persitência de objetos integrada e cache compartilhado distribuído”.
  • Cardinal é um “compilador Ruby para a Máquina Virtual Parrot” (Perl 6).

Referências

1 Matz, falando na lista de e-mails Ruby-Talk, 12 Mai. 2000.

2 Matz, em An Interview with the Creator of Ruby, 29 Nov. 2001.

3 Matz, em Blocks and Closures in Ruby, 22 December 2003.

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Comentários (5)

P

Pedro - 28/12/2022 05:55

Interessante!

Maria Barros
Maria Barros - 28/06/2022 18:54

ótimo artigo!

Ruy Neto
Ruy Neto - 15/06/2022 15:54

Me animei a estudar Ruby novamente!

JF

Julis Felipe - 20/02/2022 15:19

Muito bom!!! Obrigado.

Marcos
Marcos - 01/01/2022 01:07

Excelente artigo