Idade é um conceito? (parte 1)

Então, quando finalmente decidi que ia me jogar na programação – meu sonho antigo – já estava beirando os 40 anos. Mas, olha só, naquela época eu nem tinha um computador ainda. Passei a vida toda meio excluída desse mundo tecnológico. Até meu primeiro celular demorou a aparecer, e imagina só, ainda demorou mais pra ter um computador que desse pra usar pra estudar programação.

Ei pessoal, meu nome é Josie de Sousa, e vou contar um pouquinho sobre o Etarismo, do ponto de vista de uma mulher negra que resolveu entrar de cabeça na programação bem depois dos 40. Sabe quando você ouve nos podcasts as pessoas falando tipo: "Ah, entrei nesse lance de programação já meio velho", e eu fico me coçando pensando: "Será que isso é pra mim?" O detalhe é que normalmente essa galera tem uns 28, 26 ou 30 anos, e eu nunca parei pra me perguntar se eu era velha demais. Na real, eu só pensei: "Agora eu posso fazer isso!", porque antes disso eu estava ocupada criando minhas quatro meninas sozinha. Minha função era ser a mãe sólo, e pra isso tive que encarar trabalhos que eram somente isso; "Trabalho", pra botar comida na mesa e manter um teto sobre nossas cabeças. Educação formal? Cursos? Nem pensar. Conclui o ensino médio em 2013, ia depois do trabalho pra escola em Mesquita, RJ e só chegava em casa perto de 00:00 em Vargem pequena. Eu tinha alguns amigos que já estavam na área de programação, e pra mim era como "UAU!", trabalhavam meio turno no mesmo emprego que eu pra pagar faculdade , enquanto eu estava em tempo integral. Eles faziam faculdade de Ciência da Computação, coisa que eu achava demais, mas que naquele momento não rolava pra mim. Eu já estava no corre de criar minhas filhas.