Equipes auto-organizáveis segundo a cultura agilista

Durante o curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, quando estudei os princípios do Manifesto Ágil, tentei visualizá-los em minhas vivências como membro de equipes multidisciplinares. Embora não fossem times dedicados a projetos de tecnologia da informação (área de origem do agilismo), posso afirmar que integração, engajamento, comunicação, determinação conduziram a execução das tarefas.

Primeiramente participei de grupos de pesquisa em que interagi com educadores, fonoaudiólogos, filósofos, linguistas, pedagogos, psicólogos. Tive oportunidade de contribuir na elaboração conjunta de publicações para divulgação científica de resultados das pesquisas e atendimento dos indicadores de produtividade das instituições universitárias. A experiência recente foi como integrante de equipes de apoio de licitações, acompanhando o andamento de processos de compras públicas. Neste período, houve contato com profissionais de áreas como Administração, Contabilidade, Direito, Economia, Engenharia.

Não é difícil reconhecer características da cultura ágil nesses ambientes de trabalho, sobretudo porque havia colaboração entre os membros, motivação da liderança, comprometimento com entregas, espaço para inovar quando possível na solução de problemas inesperados. A partir do cenário lembrado, continuo este artigo com a intenção de apresentar reflexões sobre a cultura agilista, especificamente sobre o seguinte princípio do Manifesto Ágil:

“As melhores arquiteturas, requisitos e designs emergem de equipes auto-organizáveis.”

Uma compreensão possível desse princípio seria que equipes orientadas pela cultura agilista têm habilidades suficientes (comunicação, determinação, coesão, comprometimento) para definir com independência a melhor forma de fazer seu trabalho e de solucionar problemas durante o projeto. lsto não quer dizer que as equipes farão qualquer coisa sem alinhamento com as necessidades das partes interessadas, porque há limites para a auto-organização em projetos ágeis. Pelo contrário, significa que os membros das equipes se articulam com autonomia para definir estratégias de trabalho e focar nas necessidades geradoras do projeto.

Neste caso, não é preciso intervenção do gestor ou de qualquer pessoa para assegurar qualidade na produção e alto desempenho das equipes. Há engano no entendimento de que a gestão não é requerida por equipes auto-organizáveis. Existe na gestão ágil uma interação diferente entre os envolvidos, porque a liderança atua como servidora; presta mentorias; exerce controle distanciado, indireto e sutil; influencia positivamente o ambiente.

Se a equipe trabalha com autonomia, do que os gestores tratam? A gestão trata principalmente da apresentação do produto a ser desenvolvido, da definição dos integrantes das equipes, do estabelecimento de metas, da eIiminação de empecilhos para a auto-organização, do balanceamento da participação dos membros da equipe, da orientação para melhoria contínua de competências dos liderados.

E qual a vantagem desse cenário para o desenvolvimento de software? O ambiente que pratica o princípio de equipes auto-organizáveis pode favorecer a eIevação da confiança entre partes interessadas, o fluxo de comunicação com mais efetividade, a tomada de decisões coerentes, a adaptabilidade das equipes e o fortalecimento da atuação conjunta. Assim há condições viáveis para as fases do projeto transcorrerem com agilidade.

Para ler mais a respeito dos princípios do Manifesto Ágil, faça download do livro: Entendendo os Valores e Princípios Ágeis: uma análise do Manifesto Ágil, escrito por Duncan Scott. É uma tradução em português disponibilizada na plataforma InfoQ. (Caso este link não funcione, está também logo abaixo nas referências.)

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Referências consultadas

BERNARDO, Kleber. A auto-organização em projetos ágeis. Cultura Ágil. Disponível em: <https://www.culturaagil.com.br/auto-organizacao-em-projetos-ageis/>. Acesso em: 28 ago. 2021.

FRANCA, Fabio Martins de. O papel do gestor em equipes auto-organizáveis. Medium. Disponível em: <https://fmfranca.medium.com/o-papel-do-gestor-em-equipes-auto-organiz%C3%A1veis-13ec1b7aeef6>. Acesso em: 28 ago. 2021.

LINDERS, Ben. Liderança em equipes auto-organizadas: um panorama de opiniões. InfoQ. Disponível em: <https://www.infoq.com/br/news/2013/07/leadership-self-organized-teams/>. Acesso em: 28 ago. 2021.

MANIFESTO FOR AGILE SOFTWARE DEVELOPMENT. Disponível em: <http://agilemanifesto.org/iso/en/manifesto.html>. Acesso em: 28 ago. 2021.

SCOTT, Duncan. Equipes auto-organizadas. In: Entendendo os valores e princípios ágeis: uma análise do Manifesto Ágil. Estados Unidos, [S.I.]: C4Media e InfoQ.com., 2019. Disponível em:<https://www.infoq.com/br/minibooks/valores-principios-ageis/>. Acesso em: 28 ago. 2021.