Da Extinção dos Dinossauros Ao “Senhor Estagiário”. Evoluímos Com a Tecnologia?
- #Soft Skill
Entre uma partida de Super Nintendo e um “gol-a-gol” com os amigos em frente de casa, Paulinho sonhava em ser advogado. Quando chegou à adolescência, trabalhava como auxiliar administrativo em uma empresa de contabilidade, e por contar com uma bolsa da prefeitura, acabou fazendo uma graduação em Ciências Contábeis. Conseguiu promoções no emprego, e alguns anos depois finalmente chegou a oportunidade de pagar a faculdade de Direito. Depois de cinco anos de trabalho e estudo, já registrado na OAB, você pode encontrar Paulinho nos corredores da Faculdade de Tecnologia, no primeiro semestre de Análise de Sistemas.
Mas e o Direito, Paulinho? A resposta dele entra no tema das profissões que estão saturadas, pagando menos que o esforço do profissional vale, ou simplesmente perdendo espaço para novas tecnologias. Mas Paulinho não é de entregar os pontos e se adapta, como muitos que encontramos naqueles corredores.
Renan é formado em Administração, Tiago é vendedor a 15 anos, Matheus é graduado em Serviço Social e André é coletor de lixo na prefeitura da cidade. Estão no mesmo curso, com esperança de uma vaga de estágio. Para eles é mais complicado, pois acabaram de descobrir que quatro de seis requisitos de uma oferta, eles não aprenderam na faculdade. Além do tempo que dedicam à graduação, terão que encaixar um curso ou estudar por conta para tentar preencher as próximas vagas.
Danilo tinha 18 anos de experiência trabalhando em um supermercado. Aos 42 anos de idade entrou na faculdade de tecnologia, passando em primeiro lugar no vestibular. Demorou mais que o resto da turma para conseguir uma vaga de estágio, e os contratantes se espantaram não só com a idade do “senhor” estagiário, mas principalmente com a vontade de aprender. Flexível na resolução de problemas e focado em entregar resultados, Danilo adaptou a experiência que trazia de outra vivência para compensar a falta de experiência na área da tecnologia. Acabou contratado e está se especializando em uma linguagem de programação.
Fonte da imagem: Cientistas descobrem provas concretas da evolução dos dinossauros a aves - ÉPOCA | Vida (globo.com)
Para Danilo, Renan e Paulinho, os avanços da Tecnologia da Informação caíram como um asteroide sobre os planos, mas diferente do impacto que um dia dizimou os gigantescos dinossauros da Terra, eles souberam reconhecer a oportunidade de evolução, e assim como os descendentes pássaros, estão aprendendo a voar.
Mas os desafios não param. Acordando às 4h30 da madrugada para ir ao trabalho, André é solteiro e só têm o período da noite para cuidar do filho, da casa, e estudar, assim, está mais atrasado que o restante da turma. Ainda não conseguiu ser contratado, mas pesquisa por vagas de estágio remoto entre uma matéria, um código e um café.
Porém, mesmo com a alta demanda por profissionais de tecnologia, será que as empresas reconhecem a possibilidade de abrir espaço para quem está mudando de área de atuação? Pessoas que vem de uma abordagem diferente, ou mais “tradicional” e ainda assim se aventuram a aprender, como são recebidas no mercado de trabalho? Minhas esperanças são positivas. E você, qual seu ponto de vista?