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peaVe peaVeld26/06/2022 14:45
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Como você pode explicar para outra pessoa o que você aprendeu para que ela não tenha as mesmas dificuldades que você ? #communityweekchallenge

    “Não existe bala de prata” e “depende” são velhas conhecidas do meio de tecnologia, já viraram até memes. Essas frases expõem algo que todos nós sabemos, ou que deveríamos saber: que tudo é relativo. Não há um modelo para ser seguido ou uma instrução objetiva e precisa sobre o que fazer no ambiente colaborativo, cada situação é única e expõe suas particulares. Entretanto, é possível encontrar algumas sugestões para auxiliar o profissional. Partindo deste princípio, se em tecnologia, onde temos métricas, parâmetros e a lógica impera, a relatividade se faz presente, por que no nosso processo de aprendizagem, tão singular e individualizado, isso seria diferente?

    Há dezenas de artigos disponíveis na internet que podem explicar como aumentar seu desempenho ao aprender uma nova tecnologia, ou que informe que o novo framework XPTO “possui uma baixa curva de aprendizado” e que normalmente consegue-se dominar esta solução em determinado tempo. Mas, a partir disso, você começa a dedicar seu tempo para estudar aquela tecnologia e não se sente totalmente seguro para implementar ou dar manutenção utilizando aquela solução oferecida.


    E aí? Sou um péssimo profissional? Sou uma fraude e logo todos vão perceber? Serei demitido?


    Calma, não é bem assim. Você não é uma fraude. Essa pode ser uma dúvida comum de muitos profissionais que estejam iniciando sua carreira, mas não é verdade. É apenas a insegurança de um profissional que se depara com algumas situações do mundo de tecnologia e não sabe muito bem como lidar com elas. Não é pertinente afirmar que a curva de aprendizado de um é igual à curva de aprendizado de outro e que, portanto, todos levariam o mesmo tempo para aprender ou desenvolvedor determinada solução. Cada profissional tem o seu tempo e se apresenta de uma forma.


    Desse modo, após essa breve introdução, trago nesse artigo o que funcionou para mim nesses anos como desenvolvedor. Poderia descrever 15, 20 ou 30 passos, mas resolvi simplificar e reduzi-los em apenas 5, pois acredito que mais que isso, além de ser difícil segui-los, a leitura pode ficar bastante maçante. Sendo assim, vamos aos seguintes passos:



    1. Simplifique.


    Quando comecei minha caminhada como desenvolvedor, talvez pela animação e entusiasmo de início de jornada, sentia aquela vontade de abraçar o mundo e aprender sobre tudo, todas as linguagens e paradigmas possíveis. Ou seja, uma falsa ilusão de que poderia ter todo o conhecimento sobre toda forma de tecnologia, algo humanamente impossível - uma pena só descobrir alguns anos depois. Mas o lado bom é que precisei descobrir isso para hoje poder contar a você. Dessa forma, estabeleça uma meta clara e escolha com cuidado a plataforma, tecnologia ou ecossistema que pretende trabalhar. Essa escolha pode ser pautada segundo os seus critérios.

    Talvez você avalie o mercado – vagas de trabalho ou remuneração - talvez seja por afinidade ou até mesmo porque você apenas sentiu facilidade em aprender algo específico. O importante aqui é: não tente abraçar o mundo, não busque várias fontes ao mesmo tempo. Isto pode te custar muito caro em termos de tempo e também de estresse. Dessa forma, foque somente naquilo que mais possa lhe interessar, sem se preocupar em ter domínio de todas as tecnologias. 

    Outra dica interessante que também se encaixa nesse quesito é em relação às fontes de consulta para seus estudos. A Internet é maravilhosa, nós sabemos, podemos encontrar inúmeras fontes para nossos estudos e isso não é ruim. Porém, algumas vezes, quando estudava algo novo, acabava me perdendo nas muitas ofertas de conteúdo sobre determinado tema e isso me confundia: enquanto um lugar explicava de uma maneira, outro apresentava informações diferentes. Não que sejam informações erradas, o site X dava mais ênfase para a sintaxe do Java enquanto a apostila Y dedicava mais tempo esmiuçando como a JVM gerencia memória. A partir disso, eu pude perceber que, quando eu procurava seguir os ritos de somente uma fonte, eu tinha mais êxito no meu aprendizado. Sendo assim, fica aqui uma sugestão eficaz no seu processo de estudo: procure uma fonte segura e que siga a mesma abordagem de instrução para não causar confusão durante sua preparação.



    2. Se possível, seja um purista.


    Talvez essa dica seja específica demais para desenvolvedores, pois estamos constantemente lidando com frameworks. E estes são maravilhosos, simplificam o desenvolvimento, aumentam a produtividade, sem contar que é praticamente impossível trabalhar em algum lugar hoje em dia que não os use em alguma camada de suas aplicações (talvez um Angular no frontend ou um Spring no backend, que tal?). Definitivamente frameworks não são vilões, podem ser vistos até como mocinhos, porém, no processo inicial de construção de aprendizagem, eles podem nos induzir ao erro, e é preciso ter bastante discernimento para saber diferenciar o que é linguagem e o que é framework.

    Era muito comum na minha época de estagiário confundir se determinada funcionalidade era nativa do Java ou era um recurso do JSF, e essa mesma confusão ocorria também com outros colegas iniciantes. Então, a partir da minha experiência, sugiro que, se possível, aprenda muito bem JavaScript antes de querer se aventurar com Angular, dedique-se mais ao Java antes de se maravilhar com o mundo que o Spring oferece, afinal de contas dominando bem a linguagem, futuramente a migração para outro framework torna-se menos dolorosa, pois você conhecerá bem o conceito. Além disso, a história nos mostra que do JavaScript nasceram tantos frameworks como as estrelas do céu, bibliotecas tão numerosas como os grãos de areia da praia do mar. Quem lembra do batman.js? Frameworks vêm e vão, mas as linguagens ficam.



    3. Entenda os problemas da vida real


    Aqui convido para termos um olhar mais macro. Se antes, disse para olhar menos para framework e mais para linguagem, neste momento destaco para termos um olhar menos para linguagem e mais para o problema que você precisa resolver dentro da sua aplicação. Uma Abstract Factory será uma Abstract Factory em Java e também em .NET e é claro que estou falando de Padrões de Projetos. Acontece que no mundo do desenvolvimento de software orientados a objetos há problemas típicos inerentes a tecnologia utilizada ou ao próprio negócio. Imagina você já possuir um conhecimento prévio de problemas que são repetitivos? Independente da linguagem que você estiver utilizando, a sua famosa curva de aprendizado provavelmente será menor para compreender a situação. E é claro, eu não poderia falar de padrões de projetos sem citar a bíblia do Design Patterns chamada Padrões de Projeto – Soluções Reutilizáveis de Software Orietado a Objetos ou simplesmente “Livro GoF”, o livro da Gangue dos Quatro (Gang of Four) fazendo referência aos seus autores: Erich Gamma, John Vlissides, Ralph John e Richard Helm. Escrito em 1994, o livro mostra 23 padrões que resolvem vários problemas comuns em projetos orientados a objetos. Inclusive essa é uma indicação de leitura para quem está começando. Aproveitando o ensejo, trago outros livros que me ajudaram bastante na minha jornada inicial:


    1. O Programador Pragmático – Andrew Hunt e David Thomas;

    2. Código Limpo – Robert Cecil Martin;

    3. Refatoração: Aperfeiçoando o design de códigos existentes – Martin Fowler.

     

    Como já falado anteriormente, existem inúmeras fontes de pesquisa na internet e é bem possível que em algumas delas encontremos conteúdos baseados nesses livros, porém com a interpretação de quem os escreveu. Talvez o aproveitamento seja maior analisando somente o conteúdo fonte, ou seja, os livros citados, excluindo materiais que citem ou tenham interpretações particulares do autor de determinado tópico. Dessa forma, além de se ter um conteúdo mais puro, você fica livre para construir sua própria interpretação sobre o assunto.



    4. Seja humilde


    Esta parte do artigo pode ser entendida não somente no campo da tecnologia, como também em qualquer outra área de desenvolvimento e aprendizado. Pode parecer óbvio mas em alguns momentos o óbvio precisa ser dito: seja humilde para aprender e posteriormente para ensinar. Não tenha medo de perguntar, aproveite o seu time, tente extrair o que puder dos mais experientes, este conselho pode parecer muito clichê e óbvio, entretanto, como já disse, às vezes o óbvio precisa ser dito.

    Muitos iniciantes, por medo de demonstrar insegurança ou incapacidade, optam por não tirar suas dúvidas, o que acarreta uma serie de questões: dificuldade de se relacionar com os demais colaboradores no ambiente de trabalho, maior estresse e frustração com as demandas apresentadas e, trazendo para o campo pessoal, afetação da saúde mental e física. É importante destacar, e é uma sugestão fundamental deste artigo, que nenhum profissional, por melhor que seja, não possui nenhuma dificuldade ou incerteza sobre seu trabalho. Dessa forma, sentir-se receoso em relação a determinado procedimento e normal e não te faz menos capacitado ou profissional que outro. O que pode te diferenciar – e, agora sim, te proporcionar vantagem – é como você lida com as suas dúvidas em como proceder a determinada situação de trabalho.  É claro, no que diz respeito a “não tenha medo de perguntar” e “aproveite seu time” acabamos esbarrando em coisas que fogem do nosso controle, como o comportamento de outros, por exemplo, afinal, podemos nos deparar com a seguinte situação: como proceder se a única pessoa capaz de te ajudar no local de trabalho não demonstra interesse em contribuir e sanar suas duvidas?

    E possível que, na empresa, alguns colaboradores tenham dificuldade em contribuir, entretanto, quando demonstramos humildade para apresentar dificuldades, criamos a oportunidade de aprender muito com a experiencia do outro, e, além disso, estimulamos o local de trabalho como um ambiente mais saudável e participativo.



    5. Procure ambientes laborais saudáveis


    Sim, é isso mesmo. É bastante difícil construir sua árvore de conhecimento ou até mesmo de performar em sua plenitude em ambientes com muitos problemas entre membros da equipe ou com ingerência. Isso pode ser mais comum do que se pensa. O objetivo aqui não é vilanizar ninguém, muitas vezes não se trata de você e sim de algo construído até mesmo antes de seu ingresso na empresa. O importante é não internalizar nada e não achar que é algo pessoal, se possível, ser o agente de mudança naquele ambiente, com bom senso e sensibilidade se vai longe. Porém, caso uma questão que atrapalhe seu desenvolvimento pessoal, o que normalmente é, não hesite em procurar novos ares.

    Muitas vezes, é fácil perceber quando o local não é saudável simplesmente pela descrição da vaga. Há sinais que podemos identificar, como por exemplo: anúncio e descrição da vaga, remuneração ofertada ao profissional, o conhecimento solicitado para exercer a função, o tratamento durante a entrevista, etc. Todos esses indicativos são importantes na hora de se pensar em entrar em uma nova equipe ou considerar novas posições. Atente-se aos fatos.

    Pesquise sobre o local de trabalho, pergunte como e a relação entre os funcionários e qual é a visão da empresa em relação a valorização do profissional. Quanto mais você demonstrar preocupação com estas questões, maior confiança e atenção ao seu trabalho você terá.

     


    Considerações Finais


    Este artigo apresentou algumas sugestões a partir da experiencia no campo do desenvolvimento de software. Vale destacar que cada experiencia é única e que cabe ao leitor se identificar ou não a ela. O que é primordial para cada iniciante é: tenha uma linha de estudo. Pense em qual área quer seguir carreira e invista, não tente sair buscando todos os domínios possíveis. Aposte na sua formação, para que, em seguida, possa apostar no local em que se sinta mais confortável enquanto profissional. Não tenha insegurança ou vergonha de apresentar dúvidas: o profissional de tecnologia atua com questões que surgem a todo instante, estamos em constante evolução e aprendizado, desse modo, não há motivos para que fiquemos receosos em apresentar nossas dúvidas. Não perca tempo se envolvendo em questões desnecessárias como por exemplo “framework A é melhor que framework B”. Isso não se aplica no mundo com demandas reais, o que existe são soluções cabíveis ou não cabíveis para determinada situação. Não veja a tecnologia como um fim e sim como um meio para resolver um problema existente. Como citado no começo deste artigo, o processo de aprendizagem é individual e a forma como construímos nosso conhecimento é relativa. Talvez a única constante que sirva para todos os profissionais em todas as áreas seja: invista no que for importante a você e assegure-se de seu trabalho. 

    #communityweekchallenge

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    Comentários (3)
    Emanuel Assuero
    Emanuel Assuero - 26/06/2022 15:22

    Caracas! Que Artigo, Pedro Bezerra!

    Gostei da didática, muito bom!!

    Parabéns!!!

    Rafael Silva
    Rafael Silva - 26/06/2022 15:07

    Muito bom! Cadastra na week, pode valer uma boa recompensa!

    Mateus Freitas
    Mateus Freitas - 26/06/2022 15:00

    Que artigo top! Estava precisando ler isso