Como proceder bem com a abstração

Como proceder bem com a abstração 

A par de cumprimentar os colegas dos cursos e bootcamps da Digital Innovation One, fui instigado a elaborar um breve artigo sobre a Abstração como um dos pilares do paradigma da Orientação a Objetos, visando clarear essa metodologia específica para aqueles que estão iniciando essa jornada de aprendizagem.  

A palavra abstração está presente em todas as ciências e artes. E estamos tão acostumados com abstração no nosso cotidiano que por vezes, ao sermos submetidos a metodologia específica de um determinado ramo do saber, acabamos sem ter uma verdadeira compreensão de significado e aplicação, e como consequência, isso nos deixa sem obter a exata aplicação da metodologia. 

Conceitua-se o pensamento abstrato como a capacidade de compreender as propriedades essenciais e comuns a um dado objeto de observação. Uma operação intelectual que isola propriedades de um objeto de estudo, segundo os interesses de quem observa.  

Carregando a abordagem para a programação, de acordo com Neto¹, um computador recebe, processa e disponibiliza o que denominamos como dados, e esses devem ser considerados em conjunto com os mecanismos de processamento desses. E é com a criação de Modelos que o paradigma da Orientação a Objetos representa os elementos reais. Modelos são, por sua vez, representações simplificadas de objetos, pessoas, itens, tarefas, etc, usados por pessoas no seu dia a dia. Os Modelos na Orientação a Objetos agregam dados e operações. Um Modelo assume particularidades de acordo com o contexto que ele está inserido.  

Assim, tomando por exemplo uma pessoa, ela deverá ser estudada de acordo com o contexto em que está inserida, é válido dizer, de acordo com o interesse do cliente proprietário do sistema: um eleitor terá particularidades diferentes de um aluno. Citando Roque Maitino Neto, como eleitor precisamos de “nome, endereço, número de inscrição, zona de votação e seção. A operação de alteração de domicílio eleitoral poderia ser aplicada nesse modelo”, já para compor o modelo aluno, não importa zona de votação, seção, ainda que existam dados em comum como nome, endereço, interessa que se tenha  número de matrícula, notas, faltas entre outros dados. Como operações, a consulta a notas e solicitar revisões de notas, justificativas de faltas são plausíveis.  

Portanto, para criar um Modelo é necessário colacionar os dados e as operações sempre observando o contexto que o Modelo será inserido. Tudo que for abstraído do mundo real para a criação do Modelo deve ter aplicação prática no contexto de uso desse Modelo. 

Por fim, após criar um modelo simplificado, deve-se ter em mente sua reutilização: Para diferentes alunos, não será necessário criar um modelo específico para cada aluno. Para cada eleitor, também será dispensado. 

Em conclusão, quando falamos de abstração devemos ter em mente que estamos criando um Modelo de algo existente no mundo real, mas só selecionando atributos e operações que interessam de acordo com o contexto de aplicação do Modelo, visando ainda seu reaproveitamento.

1. MAITINO NETO, Roque. Programação Orientada a Objetos. 2018, Editora e Distirbuidora Educacional S.A.
2. PIQUERO, Ivan. Pensamento abstrato: o que é, exemplos e como desenvolvê-lo. Disponível em: https://br.psicologia-online.com/pensamento-abstrato-o-que-e-exemplos-e-como-desenvolve-lo-799.html#:~:text=o%20pensamento%20abstrato-,O%20que%20é%20o%20pensamento%20abstrato,se%20encontra%20a%20realidade%20concreta. Acessado em 19/09/2022.