image

Acesse bootcamps ilimitados e +650 cursos

50
%OFF
Article image
Lucas Santana
Lucas Santana26/10/2023 03:13
Compartilhe

Código legível para Humanos: Conheça as boas práticas do Clean Code

    Qualquer um consegue escrever código que um computador entende. Bons programadores escrevem código que humanos entendem.” - Martin Fowler.

    Introdução

    Já foi comprovado que programar utilizando o paradigma “Orientado à gambiarras” não é algo muito viável, e muito menos lucrativo a médio/longo prazo para nenhuma aplicação. Desenvolver qualquer aplicação vai muito mais além de simplesmente colocar o programa para funcionar, entregá-lo e deixar por isso mesmo, e isso é um erro que muitos programadores iniciantes cometem. A verdade é que, na maior parte de nosso tempo, estaremos trabalhando na manutenção de sistemas desenvolvidos, que já estão rodando e sendo utilizado por usuários.

    Ter um código limpo é ter um código manutenível, legível, e que seja possível de ser testado. Para isso, o Clean Code, ou Código Limpo, para quem gosta do bom Português, traz princípios e regras que são fundamentais para aplicação de seus conceitos na prática, e é isso que esse artigo pretende trazer da forma mais clara e resumida possível.

    Conceituando Clean Code

    image

    O Clean Code traz consigo a filosofia de aplicação de escrita de códigos que sejam de fácil leitura, bom entendimento, de técnica simples de aplicação, e melhor manutenibilidade. A verdade é que um sistema desenvolvido nunca estará desenvolvido por completo, sempre existirá a necessidade de atualizações, aplicação de novas funcionalidades, o código em si, com o passar do tempo “envelhece”.

    Podemos contextualizar a técnica do “Código limpo” com 3 características principais que as nossas diversas linhas de código devem seguir:

    1. Légivel: um código de fácil entendimento, que seja semântico, coeso, facilita a leitura, logo sua compreensão fica mais rápida e intuitiva;
    2. Testável: toda aplicação deve sempre passar por testes, nos mais diversos cenários, para termos segurança em alterá-los, quando necessário, sem medo de causar, até mesmo, um “crash” no sistema;
    3. Fácil de ser mantido: deve ser passível de alteração, corroborando com o item acima, possibilitar a adição de novas funcionalidades, sem necessidade de uma refatoração geral, tratando os possíveis erros, eventualmente, em tempo de execução.

    Princípios e boas práticas para se obter um Código Limpo

    image

    Nomes são muito importantes

    Variáveis, funções, métodos, classes, objetos. Nomeá-los de forma descritiva auxilia no entendimento do que aquela variável deve armazenar, o que aquela determinada classe representa, e quais o comportamentos deve ter.

    Exemplo sem boas práticas:

    public class ContaDoBanco {
      
      String n;
      String documento;
      int i;
      double dinheiro;
    
      void saque(double dinheiro){
          this.dinheiro = this.dinheiro - dinheiro;
      }
    
      void deposito(double dinheiro){
          this.dinheiro = this.dinheiro + dinheiro;
      }
      
    }
    

    Exemplo com boas práticas:

    public class Conta{
      final private Pessoa titular;
      private double saldo;
    
      void sacar(double valor){
          this.saldo -= valor;
      }
    
      void depositar(double valor){
          this.saldo += valor;
      }
    }
    

    Regra do Escoteiro

    image

    Se for mexer no código, deixe ainda mais limpo do que quando encontrou. Imagine que você criou uma classe que representa uma conta bancária, como exemplo anterior, e de repente alguém vai no código, altera deixando ele bem bagunçado e desorganizado. De certa forma, além se tratar de um sistema de suma importância, também se trata de uma questão ética, e entender os princípios de programar de forma “limpa”. Lembre-se, não estamos programando sozinhos, alguém vai estar lendo o seu código, e é bom garantir que tanto a aplicação quanto os demais desenvolvedores fiquem pacíficos.

    image

    KISS

    “I gotta tell you what I'm feeling inside, I could lie to myself, but it's true 🎵 “.

    Não, não se trata da banda KISS.

    KISS, nesse caso, é a sigla para “Keep it Stupid Simple”, e em outras palavras, mantenha o código “estupidamente” simples. Criar funções simples, claras e pequenas é determinante para manter a legibilidade do código. Porém, é necessário ponderar. Muitas vezes será necessário escrever o nome de um método de uma forma um pouco mais extensa para descrever bem o propósito para que foi criado.

    public class Compra{
      List<Produto> listaDeProdutos = new ArrayList<>();
      
      void adicionarProdutoAoCarrinho(Produto produto){
    
      }
    }
    

    DRY (Don’t Repeat Yourself)

    “Não repita a si mesmo.” - The Pragmatic Programmer.

    É interessante que na aplicação seja evitada ambiguidades, ou o famoso CTRL + C e CTRL + V, por mais tentador que seja. Importante criar código com conceitos e conhecimentos reutilizáveis de modo que seja mais contextual e coeso.

    Comente apenas o necessário

    O ideal é que seus métodos e funções, variáveis, atributos, etc., sejam autoexplicativos, sem a necessidade de um comentário acima explicando o que aquele trecho do código está fazendo.

    Costumando modificar os códigos constantemente, porém os comentários são ignorados pela linguagem, seja ela qual for, não sejam linhas executáveis, e com isso o programador pode acabar ignorando também, e deixando aquele comentário desnecessário no código.

    Com comentários:

    public class Compra{
      List<Produto> listaDeProdutos = new ArrayList<>();
      
      void adicionar(Produto produto){
          /**
          Esse método tem como função adicionar os produtos no carrinho
          de compras
          */
      }
    }
    

    Sem comentários, de forma mais limpa:

    public class Compra{
      List<Produto> listaDeProdutos = new ArrayList<>();
      
      void adicionarProdutoAoCarrinho(Produto produto){
    
      }
    }
    

    Tratamento de erros

    Segundo Michael Feathers, mentor e autor, os programadores têm que garantir que o código continuará fazendo o que for necessário para que o sistema continue a funcionar, mesmo quando as coisas derem errado. Por isso, é importante saber tratar exceções de forma correta e evitar que a aplicação pare de funcionar de repente.

    public class erroDiv{
      public static void main(String [] args){
          try{
              int a = 0;
              int b = 10 / a;
          } catch (ArithmeticException e){
                  System.out.println("Divisão por zero");
              }
      }
    }
    

    Testes limpos

    Todo código limpo é validado, passou por testes, foi avaliado criteriosamente. Esses testes, para serem limpos deve seguir algumas regras:

    • Deve ser rápido, assim poderão ser realizado vários testes simultâneos, e vários cenários possíveis, tornando eficiente e dinâmico;
    • Deve ser independente, de baixo acoplamento, facilitando a análise do que está acontecendo;
    • Repetível, como dito anteriormente, deve ser realizado vários testes, e em vários cenários e ambientes diferentes;
    • Auto-validação, os testes devem retornar valores booleanos, true ou false, para que a falha não seja implícita e evaziva;
    • Timely, seguindo o critério da pontualidade, o testes, de forma ideal, podem ser descritos antes do próprio código, para evitar que, futuramente, a complexidade do código aumente demasiadamente, impossibilitando a realização dos testes.

    Conclusão

    De fato, para quem está muito iniciante na programação, seja em qual linguagem for, tentar entender mais a fundo sobre os conceitos do Clean Code pode não ser interessante no momento. Mas, é inevitável que todo desenvolvedor use hoje em dia. Quanto mais aplicações organizadas tivermos, menos tempo perderemos analisando código, e refatorando. Claro, não podemos evitar que ainda existem sistemas antigos, legados, e com sua estrutura mais difícil de ser mexida.

    Sem dúvida, o Clean Code veio para nos ajudar a limpar a bagunça, e arrumar a casa, para que tudo continue funcionando bem, legível, elegante e coeso.

    Pontos importantes:

    1. Siga as convenções (padrões de projeto) de determinada a aplicação que esteja entrando para participar. É muito mais fácil entrar numa empresa, ou projeto, que já esteja em produção, então é necessário se adaptar ao padrão adotado pelo projeto, ou empresa. Não é muito recomendável que hajam vários padrões de projeto(pastas, arquivos, interfaces, etc..) num mesmo projeto.
    2. Resolva os bugs! Pode ser tentador resolver apenas um bug e deixar o resto para depois, porém resolvê-los logo de uma só vez pode prevenir que surjam novos bugs, e a complexidade aumentar de forma significativa.
    3. Programar Orientado a Objetos consiste muito na reutilização de código, como Herança e Polimorfismo, sendo um diferencial para quem deseja uma arquitetura limpa no seu código.

    Referências

    Clean code: o que é, Casos de Uso, Exemplo de Código

    Conheça os princípios do Clean Code

    Clean code: guia e exemplos

    Código limpo: dicas práticas para turbinar a escrita, leitura, e escalabilidade de um código

    Compartilhe
    Comentários (0)