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Gabriel Correa
Gabriel Correa14/12/2024 12:06
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Ciência pela Ciência

    Desde o óbvio ao complexo, a ciência está lá para promover a clareza das coisas. A metodologia, os processos, a reprodutibilidade e a ética são os elementos fundamentais para que o conjunto de dados pesquisados seja consolidado e se torne conhecimento e informação funcionais.

    Ao longo da minha trajetória em atividades de pesquisa na Fapesp, Finep e no Instituto Federal de São Paulo, com o estudo da interdisciplinaridade entre mecatrônica, inteligência artificial e relações humanas, comprovei que inovação e criatividade não são algo trivial, escalável e comercial.

    A concepção de ciência pela ciência é algo que poucos conhecem e, principalmente, não compreendem. No Brasil, o contexto de muitos pesquisadores se resume a uma busca constante pela aprovação de bolsas, editais de projetos de pesquisa inovadora e parcerias para a manutenção das pesquisas. Esse cenário cria uma pressão contínua sobre os cientistas, que muitas vezes precisam equilibrar a produção de conhecimento com as exigências administrativas e burocráticas para garantir a sustentação financeira.

    A situação é agravada por períodos de instabilidade econômica e política, que podem levar a cortes no financiamento e incertezas sobre o futuro das pesquisas. Apesar desses desafios, a comunidade científica brasileira é resiliente e criativa, e está em constante movimento para encontrar maneiras de continuar seus trabalhos, muitas vezes com apoio internacional.

    O cenário de validação das hipóteses é algo trabalhoso, que exige energia corporal, esforço cerebral e inteligência emocional. O estudo e a pesquisa, ao contrário do que se prevê, não possuem garantias de sucesso; ou seja, os resultados negativos são mais comuns do que se imagina, o que torna o fazer ciência contemporânea e a Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) algo que, dentro do contexto de capital um investimento de alto risco.

    Veja, gastar milhões para descobrir que algo não funciona pode parecer insensato. No entanto, no olhar da ciência pela ciência, a validação negativa é extremamente valiosa. Isso ajuda a refinar teorias, métodos científicos e a direcionar futuras pesquisas. Contudo, poucas instituições privadas financiam projetos muito disruptivos, sujeitos a riscos e falhas, restando à ação das instituições de estado, como as fundações de pesquisa, agências de pesquisa, institutos de pesquisa e universidades públicas.

    Outro ponto importante da ciência pela ciência está no cerne de que o novo ou inovador, pode muitas das vezes, ser uma melhoria de uma tecnologia antiga. Esse contrassenso é pouco compreendido e aceito pela comunidade científica. Na minha compreensão o inovador abarca as melhorias, a otimização, a nova modelagem, o que pode ser chamada de Notória Inovação Criativa (NIC).

    A inovação criativa pode surgir da integração de elementos já existentes, aplicados em contextos diferentes dos inicialmente propostos, o que pode levar a uma readequação e, muitas vezes, a uma inovação genuína. Utilizar tecnologias do passado como base para o desenvolvimento de novas soluções reduz significativamente a complexidade e os riscos, pois o novo se constrói sobre o que já foi testado e consolidado. Um exemplo claro disso é a comunicação via satélite, que desempenha um papel crucial na evolução social, tecnológica e econômica. O Telstar 1, lançado em 10 de julho de 1962 pela NASA e pela AT&T Bell Telephone Laboratories, foi o primeiro satélite de telecomunicação civil e revolucionou as transmissões de telefonia, rádio e televisão. Esse marco inspirou inúmeras inovações subsequentes, incluindo sistemas voltados à internet, navegação global e outras formas de comunicação global.

    Entretanto, a experimentação com o Telstar 1 também trouxe desafios. A radiação que danificou os dispositivos eletrônicos do satélite afetou o canal de comando, provocando um comportamento operacional irregular e evidenciando a complexidade da tecnologia espacial. Mesmo assim, esses testes serviram como aprendizado, permitindo que as falhas fossem analisadas e superadas em projetos futuros. No campo das constelações de satélites artificiais, vemos agora uma vasta gama de aplicações, desde a observação da Terra até a defesa militar. A evolução das tecnologias, como dos sistemas de telefonia via satélite da Iridium até as modernas redes como o Starlink, para comunicação direta com celulares, ilustra como o mercado continua a aprimorar e expandir a aplicação das tecnologias do passado, aproveitando as lições aprendidas para enfrentar os desafios do presente e do futuro.

    Tornar a ciência acessível e aplicável é o desejo da maioria dos pesquisadores e desempenha um papel crucial ao ajudar a educar e inspirar novas gerações. Com essas ideias filosóficas, o caminho para iniciar a jornada como cientista está ao alcance de todos. Ao contrário do que muitos pensam, a ciência não é exclusiva para quem estuda, trabalha ou está ligado a uma universidade. Caso você seja curioso, inquieto com o que se apresenta e goste de confrontar a realidade, as portas da comunidade científica sempre estão abertas. Um exemplo interessante para quem gosta de explorar novas ideias pode ser o vídeo de como lançar um satélite, de Mark Rober: link para o vídeo - https://www.youtube.com/watch?v=6KcV1C1Ui5s

    O amplo campo científico pode contribuir significativamente para a melhoria da qualidade de vida e para o progresso do país como um todo. Por isso, a pesquisa com ética, rigor e precisão é fundamental. O esforço conjunto de governos, instituições, empresas e a sociedade em geral é necessário para garantir um ambiente que promova a inovação.

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